Aliado histórico do PT, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), não deverá marchar, formalmente, com o partido já no primeiro turno das eleições presidenciais.
Um dos coordenadores do MST, João Pedro Stedile descartou ontem uma adesão automática à candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e afirmou que os movimentos sociais só deverão se engajar na campanha eleitoral no segundo turno.
"Não é problema de partido nem de pessoa, é desse debate que nós queremos fugir. Nem porque o Lula pediu para votar na Dilma, então, nós vamos votar. Não somos capacho de ninguém. Queremos discutir qual é o projeto da Dilma", afirmou Stedile, em entrevista ao programa 3 a 1, da TV Brasil.
A previsão reflete uma divisão do MST, já diagnosticada pelo próprio comando do PT. Segundo petistas, parte expressiva do movimento deverá apoiar a candidatura de Marina Silva (PV) à Presidência. O PT, que mantém laços com o movimento, já foi informado da decisão do MST de conversar com Marina nos próximos dias.
Reunidos em assembleia no fim de semana passado, representantes dos movimentos sociais decidiram ainda condicionar o apoio aos compromissos assumidos pelos candidatos.
Segundo Stedile, a intenção dos movimentos é "aproveitar a campanha eleitoral do ano que vem para discutir um projeto para o Brasil". Ele disse que o MST não reduzirá o ritmo de ocupações no período eleitoral.
"Ele [o sem-terra] não está nem dando bola para o calendário eleitoral. Quer resolver o problema dele. Em toda região que concentra sem-terra e tem latifúndio, vai continuar ocupação de terra", afirmou.
Segundo petistas, o discurso crítico ao agronegócio leva parte do MST para os braços de Marina. Além disso, Marina poderia herdar os simpatizantes da vereadora Heloísa Helena (PSOL-AL), de quem tem apoio. Mas os métodos do movimento poderiam afugentar fatia de seu eleitorado.
"O PV tem diálogo com a extrema esquerda. Mas há diferenças. O PV não tem simpatia pelo [presidente da Venezuela, Hugo] Chávez, não apoia atos de violência nem tem uma visão antiburguesia", disse o presidente do PV do Rio, Alfredo Sirkis, segundo quem "a diferença não impede o diálogo".
Na entrevista, Stedile chamou de equívoco a destruição de laranjais durante a ocupação da fazenda da Cutrale, em São Paulo. Segundo ele, isso permitiu a execração do MST. "A imprensa burguesa usou as imagens para criar uma ojeriza na opinião pública, como se laranja fosse o fim do mundo", disse.
Fonte: MNP - Catia Seabra
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