São Paulo - Diretor de engenharia da Globo explica que serviços de interatividade poderão ser usados assim que Ginga J estiver no mercado.
Enquanto você assistir aos jogos do Campeonato Brasileiro, poderá acessar a escalação dos times, uma tabela com os resultados de todas as partidas que acontecem na rodada, ver quais estão se classificando para a Libertadores e quais estão zona de rebaixamento. Esse é um exemplo de uso dos aplicativos de interatividade para TV Digital que a TV Globo está preparando já para este ano.
Segundo o diretor de engenharia da emissora, Raimundo Barros, na próxima edição do reality show Big Brother Brasil, estará disponível um aplicativo que permite que o espectador acesse informações sobre cada participante, bem como veja quem está no “paredão” e vote em quem deve ser eliminado. Tudo pelo controle remoto.
Aplicativos de interatividade já têm sido desenvolvidos pela TV Globo há cerca de três anos. Os primeiros testes foram realizados em 2006 para usuários da NET e Sky Digital, no Carnaval e Copa do Mundo daquele ano.
Na última Olimpíada, em Pequim, no ano passado, foram feitos os primeiros testes fechados de interatividade com o sinal de TV Digital terrestre.
No início de abril, a Globo demonstrou um aplicativo criado em parceria com a Central Globo de Produção. O aplicativo está sendo transmitido simultaneamente com a novela "Caminho das Índias" e traz enquetes e descrições de personagens, que podem ser acessados pelo controle remoto e ocupam parte da tela do televisor.
Assim que os primeiros conversores com Ginga J chegarem às prateleiras, o aplicativo do Brasileirão 2009 estará disponível para quem tiver o gadget habilitado em casa.
“Até aqui, todo o desenvolvimento era apenas dentro área de engenharia da TV Globo, sem envolvimento da produção ou do jornalismo. A partir do ano passado, outras áreas começaram a abraçar a interatividade. As últimas eleições tiveram a participação da Central Globo de Jornalismo. Publicávamos os resultados divulgados pelos Tribunais Regionais Eleitorais usando duas barras pretas na programação digital”, afirmou o executivo.
Ginga
Barros explica que todos os aplicativos de interatividade desenvolvidos pela Globo são “Ginga Full”, ou seja, baseados no middleware Ginga, mas com suporte tanto ao padrão NCL quanto ao padrão J, que usa Java. Portanto, só será possível usar os serviços interativos quando os primeiros middlewares com Ginga J já estiverem disponíveis.
“Não há hoje no mercado conversores com o ‘Ginga Full’ (que suportem os padrões Java ou NCL) embarcado. O que existem são algumas empresas já com protótipos do middleware completo, demonstrando que as dificuldades técnicas já estão superadas. O dia em que esse produto estiver no mercado, você já poderá acessar os aplicativos”, explicou.
Atualmente, apenas o Ginga NCL está disponível. A ABNT deve colocar em consulta pública o documento que regulamenta o Ginga J nesta semana. O documento final, deve levar alguns meses para ser publicado. Só então os desenvolvedores poderão lançar o middleware “full” para que usuários baixem em seus conversores ou fabricantes comecem a vender os equipamentos com o Ginga completo pré-instalado.
A Globo tem desenvolvido as aplicações de interatividade em parceria com a TQTVD. A emissora não divulga, no entanto, o valor total investido no projeto.
Estratégia
Barros afirma que a emissora aposta na interatividade como um pilar da TV Digital. “A interatividade é uma forma de criar comunidades com os espectadores pois, com o canal de retorno, será possível receber os comentários dos espectadores em relação aos programas que estão no ar".
Dar voz ao telespectador também poderá viabilizar novos modelos de negócios, segundo o executivo. "Além disso, existem oportunidades de novos modelos de negócio mais à frente. Os canais de retorno também vão proporcionar negócios com as operadoras de telecomunicações. É uma excepcional oportunidade e acreditamos nisso”, declarou.
Atualmente, 35% dos domicílios com televisão no Brasil são cobertas pelo sinal de TV Digital pela TV Globo ou algumas de suas afiliadas. A penetração do canal fica evidente quando se considera que, das 18 cidades que já contam com o sistema, 16 têm sinal de TV Digital por afiliadas da Rede Globo.
Até a Copa do Mundo de Futebol de 2010, a Globo terá 30 emissoras capazes de transmitir o sinal digital.
Por Evelin Ribeiro, repórter do IDG Now!