A mulher mais alta de Sergipe ainda precisa de ajuda para conseguir viver com mais dignidade. Maria Feliciana dos Santos, 62 anos de idade, famosa não só no Estado, mas em todo o Brasil por conta dos seus 2,25 metros de altura está pedindo doações para poder reformar sua casa, não para transformá-la num lugar luxuoso, somente para consertar as paredes que estão rachadas e fazer um banheiro que a caiba confortavelmente, pois o seu é muito pequeno. “Não quero luxo não minha filha, só a garantia de que vou poder dormir sem ter medo de que uma parede caia por cima de mim ou de um dos meus familiares, porque do jeito que a minha está, isso pode acontecer a qualquer momento, ainda mais com tanta chuva”, declarou.
Ela reconhece que hoje vive bem por conta da ajuda dos muitos sergipanos, afinal, foi por conta da solidariedade de pessoas e instituições, que ganhou a casa onde mora com três filhos, dois netos e um genro, moradia que foi doada há aproximadamente cinco anos pelo Banese. A família Uchôa paga mensalmente o plano de saúde de Maria Feliciana e arca com a metade do que é gasto com medicamentos, despesa cujo valor chega a quase um salário mínimo, pois são remédios para pressão arterial alta, osteoporose em estado avançado e problemas circulatórios.
“Ainda tem o problema do meu pé direito, cuja carne na parte de cima vive constantemente abrindo, por isso que fica a maior parte do tempo enfaixado”, comentou Feliciana.
Ela explicou que está fazendo esse pedido publicamente porque o que recebe todos os meses de pensão alimentícia e benefício do INSS não dá para arcar com todas as despesas que possui.
Além do que Maria Feliciana recebe, das outras seis pessoas que vivem no mesmo local, somente um filho (com grave problema de escoliose e que por isso foi “encostado” pela previdência e recebe um salário mínimo), um neto (que recebe um salário mínimo por invalidez) e o genro (taxista lotação) possuem algum tipo de renda, mas que somadas também não dão para custear os gastos da família.
Os graves problemas de saúde, principalmente a osteoporose, já não permitem que Maria saia do seu sofá-cama de aproximadamente 2,30 metros de comprimento. É nele que ela passa a maior parte do dia e onde dorme. Os poucos momentos de distração são conseguidos quando seus filhos, com muito esforço, a colocam na cadeira de rodas e a coloca na parte da frente da casa para ficar por alguns momentos. Mas o sacrifício maior acontece quando ela precisa satisfazer as necessidades fisiológicas.
“É muito difícil mesmo, porque são duas pessoas para me colocarem no banheiro, que é pequeno, apertado e não tem estrutura adequada para mim. O vaso, por exemplo, já foi colocado sobre duas fileiras de tijolos para ficar mais alto, mas mesmo assim não é adequado para mim. É tanta dificuldade que só o uso para defecar, pois a urina é colhida no sofá mesmo, com um baldinho improvisado”, explicou Feliciana. Além de ser pequeno, prova disso é que Cleverton Santos, 27 anos de idade, filho mais novo de Maria, não toca a cabeça no teto por uma diferença de aproximadamente cinco centímetros, as paredes de sustentação do ambiente apresentam rachaduras. “Se já difícil para mim imagina para a minha mãe, que é mais alta!”, disse o rapaz.
“Agradeço imensamente tudo o que recebi e ainda recebo, mas infelizmente tenho que pedir mais ajuda. Se pudesse arcar sozinha com essa reforma tenham certeza de que a faria, só que realmente não posso”, lamentou.
Breve biografia
Maria Feliciana dos Santos, nasceu no município de Amparo do São Francisco, distante 116 quilômetros, em 27 de maio de 1946. Filha única, aos 14 anos de idade deixou a companhia dos pais e saiu “pelo mundo” trabalhando como atração circense, o que acabou a impedindo de estudar. Com diversos grupos percorreu quase todos os Estados do país, chegando a se apresentar, inclusive, com Luiz Gonzaga, ‘o rei do baião’ e Dominguinhos. Também participou de um time de basquete do Estado, em 1971, participação que durou apenas três meses e lhe rendeu além de diplomas, medalha e faixa. Aos 27 anos de idade casou-se com o locutor Assuino José dos Santos, com quem teve três filhos. Maria Feliciana é viúva há dez anos.
Fonte: Jornal da Cidade
Foto: Maria Odília