A favela ao longo da avenida Euclides Figueiredo já está se aproximando da ponte que fica na divisa entre os municípios de Aracaju e Nossa Senhora do Socorro. Os barracos são erguidos quase que diariamente para quem quiser enxergar. Os sem-teto estão invadindo uma área de preservação ambiental e o Ibama nada faz. A prefeitura de Aracaju também se mostra omissa, bem como os Ministérios Públicos Estadual e Federal. Ontem, uma equipe do JORNAL DA CIDADE esteve no local para registrar a expansão da favela e quase foi linchada pelos moradores, que não queriam se deixar fotografar temendo o despejo.
O JC já publicou várias matérias denunciando a expansão da favela. Mostrou a derrubada de alguns barracos e no outro dia, o surgimento de outros. A situação já perdura há mais de dois anos, sem nenhuma ação dos governantes. Agora, em época de chuva, os favelados já começam a reclamar que os barracos estão sendo invadido pelos ratos. “A chuva está molhando tudo aqui. O pior que as crianças já estão ficando doentes e tememos que peguem a doença do rato”, disse o morador José Joaquim.
Por falta da moradia digna, os hospitais estão cheios de crianças com pneumonia e verminoses. “Meu filho está com uma dor de barriga que não passa e já fui três vezes ao posto e no hospital e ele não foi atendido. Está doente, de cama”, disse resignada a dona de casa Maria Hermínia, que está no quarto mês de gestação.
Problema social
Trinta municípios sergipanos declararam a presença de favelas, mocambos, palafitas ou assemelhados dentro de seu território, de acordo com a Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic 2008), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse número representa 40% dos municípios do Estado. O índice está acima do percentual de ocorrências na região Nordeste, que ficou em 32,7%.
Além das cidades da Grande Aracaju, fazem parte da lista municípios como Carira, Cedro, Itabaiana, Estância, Japaratuba, Lagarto, Muribeca, Moita Bonita e Pedra Mole, entre outros. Apenas cinco municípios sergipanos possuem plano municipal de habitação: Carmópolis, Cristinápolis, Nossa Senhora do Socorro, Rosário do Catete e São Domingos, muito embora 15 cidades possuam Fundo Municipal de Habitação.
Além de informações sobre infra-estrutura urbana, a Munic 2008 trouxe também informações sobre meio ambiente. Um dado alarmante da pesquisa é que 100% dos municípios sergipanos tiveram ocorrências impactantes observadas com frequência no meio ambiente nos últimos 24 meses. Assoreamento de corpos d’água, desmatamentos e queimadas foram as ocorrências mais citadas. Apenas 40% das cidades de Sergipe possuem recursos específicos para a área ambiental.
Fonte: Jornal da Cidade