Texto: Andréa Vaz
De janeiro a abril deste ano, a meningite, doença que atinge o cérebro, já matou quatro pessoas em Sergipe, e 12 casos foram confirmados, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde. No mesmo período do ano passado, 22 casos foram confirmados pela Secretaria de Estado da Saúde, com 10 óbitos registrados. No entanto, um surto está descartado no Estado, mas o risco da doença aumenta com as chuvas.
Na última segunda-feira, o filho da cantora Cláudia Leitte, Davi, teve a doença atestada, quando foi levado para o Hospital Copa D’or, na zona Sul do Rio de Janeiro. O bebê apresentava alguns pontos vermelhos espalhados pelo corpo. A criança deixou a CTI da unidade médica na noite de terça-feira, mas ainda permanece internado sem previsão de alta, onde terá que refazer os exames para diagnóstico de meningite, pois, o procedimento realizado não foi conclusivo sobre o tipo de meningite. Além da cantora, o pai da criança, o empresário Marcio Pedreira, também esteve todo o tempo, desde a segunda-feira, na unidade médica para acompanhar o filho.
Mas, afinal, que doença é essa que pode ser fatal? “Meningite é uma infecção das membranas (meninges) que recobrem o cérebro por elementos patológicos como: vírus, bactérias, fungos ou protozoários. Quando ocorrer comprometimento concomitante do tecido cerebral, pode ser denominado de meningoencefalite”. Quem responde é a coordenadora da Vigilância Epidemiológica das Meningites, Acácia Perolina Resende Setton.
Ela revela que a incidência da doença inflamatória que pode ser fatal em todas as suas formas, tende a ser maior no inverno, com as chuvas. “Nessa estação, todo mundo busca refúgio em locais fechados para se proteger do frio, o que não deixa de ser uma boa oportunidade de ataque para os micróbios culpados pelo problema. Eles se aproveitam das aglomerações para se propagar. Por isso, os ambientes devem ser arejados”, explica Acácia Setton.
Pelo ar
Pelo ar pode ser transportada uma ameaça capaz de ser mortal. No entanto, a versão viral dessa infecção pode ser branda e não deixar sequelas. Mas, a bacteriana é bem mais perigosa. Uma de suas formas, a meningite meningocócica, chega a matar cerca de 10% dos doentes, podendo subir para 50% quando a infecção atinge a corrente sanguínea.
Mas nem tudo são más notícias. Acácia Setton, afirma que a rede básica de saúde já conta com uma vacina contra a meningite. “Por conta disso, não temos mais nenhum caso em crianças com menos de cinco anos”, garante.
Ela explica que a aquisição da infecção está relacionada ao tipo de germe associado. Geralmente, pode estar associado a um quadro infeccioso respiratório, podendo ser viral ou bacteriano, otites (infecção do ouvido), amigdalites (infecção na garganta), trauma cranioencefálico (germes colonizadores da cavidade nasal podem adentrar a cavidade craniana e contaminar as meninges). Estados de imunossupressão, como aqueles desencadeados pela infecção pelo HIV, podem tornar o indivíduo mais suscetível a apresentar este tipo de doença, principalmente quando a meningite for desencadeada por fungos ou protozoários.
Sintomas
Segundo os médicos, o quadro clínico da meningite é caracterizado por cefaléia intensa, náuseas, vômitos e certo grau de confusão mental. Também há sinais gerais de um quadro infeccioso, incluindo febre alta, mal-estar e até agitação psicomotora. “Além disso, podemos observar a tradicional “rigidez de nuca”, um sinal de irritação meníngea”, acrescenta Acácia Setton.
Em crianças, segundo ela, o diagnóstico pode ser mais difícil, principalmente nas menores, pois não há queixa de cefaléia e os sinais de irritação meníngea podem estar ausentes. “Nelas, os achados mais frequentes são: febre, irritabilidade, prostração, vômitos, convulsões e até abaulamento de fontanelas”, explica.
Ela explica que o diagnóstico é feito pela anamnese e exame físico completo do paciente. “A confirmação diagnóstica das meningites é feita pelo exame do líquor, o qual é coletado através de uma punção lombar (retirada de líquido da espinha)”, informa. Exames de imagem, sobretudo a tomografia de crânio, não são exames de escolha para o diagnóstico das meningites, mas são indicados quando há alteração focal no exame neurológico, ou se há sinais de hipertensão intracraniana (dor de cabeça, vômitos e confusão mental), ou crises convulsivas, no início do quadro, sem sinais infecciosos gerais.
Tratamento
Os médicos alertam que o tratamento das meningites agudas é considerado uma emergência, principalmente se a suspeita for bacteriana. Ele deve ser iniciado o mais rápido possível e com antibióticos administrados via endovenosa, pois o paciente corre o risco de vida e de apresentar sequelas graves nestes casos. Na suspeita de meningite crônica, como aquela provocada pela tuberculose, o tratamento pode ser administrado via oral, sendo que o mesmo se prolonga por semanas.
Cientistas garantem que a prevenção é possível nos casos diagnosticados e da doença. Segundo eles, o uso de máscaras e a profilaxia com antibiótico podem prevenir a meningite das pessoas que estiverem em contato próximo a um paciente que esteja com a infecção. E os especialistas são unânimes ao afirmar que, qualquer ganho de tempo faz diferença para vencer o mal e evitar suas sequelas.
Fonte: Jornal da Cidade