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Insatisfeito com demissões na Infraero, PMDB agora ameaça assinar CPI da Petrobras

7/5/2009

Adriana Vasconcelos e Cristiane Jungblut

BRASÍLIA - A insatisfação do PMDB com o governo não deverá ficar restrita a rebeliões surpresas durante votações no Congresso. O partido ameaça aderir à CPI da Petrobras, que está sendo proposta pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR) e que tem entre seus alvos Vitor Martins, diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e irmão do ministro de Comunicação Social, Franklin Martins. Vitor é acusado de ter usado o cargo para beneficiar prefeituras com aumento do repasse de royalties do petróleo, recebendo comissões por meio da Análise Consultoria, da qual era sócio.

Até a tarde desta quinta-feira, o senador tucano já havia garantido a assinatura de pelo menos 25 parlamentares, entre eles quatro peemedebistas: Jarbas Vasconcelos (PE), Pedro Simon (RS), Mão Santa (PI) e Almeida Lima (SE).

Almeida Lima, integrante da tropa de choque que ajudou o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), a se salvar da cassação em 2007, esclareceu, porém, que mandou retirar sua assinatura da lista até que a bancada discuta internamente o assunto.

- Há setores do PMDB com vontade de assinar a CPI, mas esse assunto temos de discutir com a bancada e o líder - explicou Almeida Lima.

A insatisfação do PMDB com o governo começou com a decisão da Infraero, estatal que administra os aeroportos do país de demitir afilhados de aliados de Lula e limitar a 12 os cargos comissionados, provocando crise na base aliada. O PMDB reagiu ameaçando que as demissões poderiam causar derrotas sucessivas de projetos de interesse no governo no Congresso . Apesar da pressão, a cúpula do partido foi avisada que as demissões seriam mantidas , o que foi confirmado nesta quinta-feira, pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, que negou crise com o seu partido, o PMDB.

Nos bastidores, os peemedebistas indicam que o principal motivo para aderir à CPI da Petrobras seria tirar o Senado do foco da crise e evitar, dessa forma, que se repita com o atual presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), o que aconteceu em 2007, quando Renan ficou sem condições de presidir as sessões plenárias diante de tantas cobranças de providências.

Em audiências separadas, Sarney e Renan já pediram a interferência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva junto ao PT, que, na avaliação dos dois, estariam estimulando a onda de denúncias no Senado. Os dois também advertiram o presidente sobre os problemas enfrentados com petistas nos estados na composição das alianças para 2010.

CPI traria problemas para o PT e ministro, avalia PMDB
A avaliação no PMDB é que uma CPI da Petrobras pode trazer dores de cabeça para o PT, já que a legenda controla a estatal, além de atingir um ministro forte do governo, Franklin Martins. A ideia é protocolar o requerimento quando houver margem de segurança acima das 27 assinaturas necessárias:

- Temos de nos preparar para o movimento de retirada de assinaturas - disse Dias.

Na Câmara, irritada com a posição da área econômica de manter a taxa Selic para a correção de dívidas previstas nas medidas provisórias 449 e 457 - que tratam de renegociação de débitos de empresas e prefeituras, respectivamente - a bancada do PMDB adotou estratégia pragmática: fez acordo para garantir benesses aos devedores e deixou para o presidente Lula o ônus de vetar o uso da TJLP, uma taxa de juros mais baixa. O PMDB dá como certo o veto por pressão da área econômica, mas já avisou ao Planalto que o Congresso poderá derrubar o veto presidencial.

A votação da MP 457 - renegociação dos débitos previdenciários dos municípios - foi adiada para terça-feira.

- A posição do PMDB é muito clara: defendemos a adoção da TJLP nas MPs 449 e 457. Tentaremos ver se o governo não veta a TJLP. A área econômica é muito inflexível, mas nem tanto o presidente Lula - disse o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).

Para aplacar a ira dos prefeitos com a demora em resolver a MP 457, o Congresso aprovou quarta-feira projeto de crédito extraordinário de R$ 1 bilhão para ajudar prefeituras que tiveram perdas no repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Mas a distribuição dos recursos será definida em nova medida provisória.


Fonte: O Globo

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