...e Sergipe já teria “roubado” de seu estado a sede regional da Petrobras...
Governo pode criar agência reguladora do setor nuclear e permitir empresas privadas
Depois de Angra, agora é a vez de o Nordeste receber usinas nucleares. Ao contrário do que ocorreu com a instalação de Angra 1 e 2, muitas cidades estão na disputa para as duas novas usinas nucleares que o governo quer instalar na região.
Os quatro estados onde poderão ficar as centrais — Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco — mostram interesse, e algumas prefeituras começam a se movimentar na disputa, ainda velada: a lista das 20 cidades potenciais candidatas deverá ser conhecida em três meses. A grande vencedora será definida no segundo semestre de 2010.
O motivo é econômico. Segundo a Eletronuclear, são cerca de R$ 7 bilhões em investimento para cada usina. Na etapa da construção, que dura cerca de seis anos, a cidade ganha 1.662 empregos diretos e 1.387 indiretos, além de 2.100 empregos que são gerados em diversos pontos do país.
— A economia na cidade da usina registra um ganho de valor de R$ 9,9 bilhões durante as obras. Na fase da operação, que pode durar até 80 anos, os benefícios continuam — afirma Drausio Atalla, supervisor da presidência da Eletronuclear para Novas Usinas.
Durante o funcionamento de uma central, segundo a Eletronuclear, são gerados na cidade cerca de 1.012 empregos diretos e 169 indiretos. Como recebem bons salários, cerca de R$ 6 mil por mês, os funcionários da usina continuam a movimentar a economia.
— Estas usinas podem mudar o perfil socioeconômico de Alagoas — prevê Luiz Otávio Gomes, secretário de Desenvolvimento Econômico do estado.
Segundo ele, Bahia e Pernambuco já são estados “desenvolvidos, a anos-luz de Alagoas”.
E Sergipe já teria “roubado” de seu estado a sede regional da Petrobras.
— Temos seis áreas boas para a usina, principalmente no litoral sul do estado, região praticamente virgem — disse.
Os governos de Pernambuco e Sergipe não se pronunciaram, apesar de apoiarem a instalação das usinas. O governador da Bahia, Jaques Wagner, disse esperar uma decisão técnica: — Não podemos fazer com que os estados iniciem um enfrentamento — afirmou.
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, quer que seja inaugurada uma central por ano no país entre 2030 e 2060. Para isso, será necessário, em sua opinião, permitir que empresas privadas atuem no setor. O governo também prepara um projeto para criar uma agência reguladora do setor nuclear. O texto está em discussão em 11 ministérios em Brasília.
A Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben) é contra a medida. Para seu presidente, Guilherme Camargo, isso poderia fazer com que se perdesse competitividade e “a inteligência nacional” do setor.
(Henrique Gomes Batista)
O Globo
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