Preço do combustível de aviação sobe 6,2% na sexta-feira, diz Petrobras
Repasse para passagens aéreas deve ser de até 3%, segundo fonte do setor
Ramona Ordoñez e Erica Ribeiro* - O Globo
RIO e DALLAS (EUA). A Petrobras vai aumentar em 6,2% os preços do QAV (combustível de aviação) no dia 1º de maio. O diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, explicou que a mudança segue uma fórmula que leva em conta fatores como preços do petróleo e do próprio combustível no mercado internacional. Apesar de as companhias aéreas negarem repasses, uma fonte do setor disse que os preços das passagens poderão subir de 2% a 3% já nos primeiros dias de maio.
Este será o primeiro reajuste do QAV do ano. De janeiro a abril, houve queda de 29%.
- O QAV vai aumentar porque segue uma fórmula que leva em consideração uma série de critérios no mês. Mas nos últimos tempos o acumulado foi de queda de preços - afirmou Costa.
Estatal voltará ao potássio e investirá US$2 bi em fábrica
TAM e Webjet informaram que não repassarão os reajustes. O diretor de Relações Institucionais da Gol, Alberto Fajerman, também não crê em repasse agora:
- Atrapalha, mas não aumenta as tarifas a curto prazo.
Num movimento inverso, analistas internacionais avaliam que o surto de gripe suína pode gerar brusca retração dos preços do QAV, reeditando a queda de até 40% do início de 2003, quando o tráfego aéreo diminuiu devido à epidemia de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, pelas iniciais em inglês).
O preço do QAV caiu para US$26,15 o barril em abril de 2003, ante os US$43,35 com que fora negociado em fevereiro daquele ano, segundo dados da Bloomberg. As viagens para a Ásia caíram 51% em maio de 2003 contra o mesmo mês do ano anterior.
A Petrobras também avisou que voltará à mineração. Isso depois de retomar a atuação forte na petroquímica e anunciar que investirá novamente em fertilizantes e se tornará produtora de álcool. Segundo o diretor de Abastecimento, no início de maio a empresa lançará proposta no mercado para empresas interessadas em desenvolver um projeto de exploração de uma mina de potássio em Nova Olinda, no Amazonas.
A estatal tem o direito de mineração, mas as reservas ainda não foram medidas. Nos anos 80, chegou a ter a subsidiária Petromisa, responsável pelo desenvolvimento do projeto de uma mina de potássio em Sergipe. Apesar de a empresa ter gastado mais de US$800 milhões na época, o projeto nunca foi concluído. Nos anos 90, com as privatizações, a subsidiária foi extinta, e a exploração da mina foi arrendada para a Vale.
Nesse novo projeto, apesar de estar em busca de parceiras com tecnologia na área de mineração, a Petrobras pretende ser majoritária, segundo Costa.
- A Petrobras vai voltar a ser produtora de potássio. A idéia é que continue sendo majoritária, dona da mina.
Fontes técnicas do setor informaram que a decisão segue uma estratégia do governo federal de reduzir a dependência externa de fertilizantes, que têm como matérias-primas principais potássio, fosfato e nitrogênio. Dentro da nova política da Petrobras de retornar ao setor, a companhia vai investir US$2 bilhões na construção de uma fábrica de fertilizantes nitrogenados (amônia e uréia), que entrará em operação em 2013. A empresa finaliza o projeto básico para definição do local.
(*) Com Bloomberg News
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