Tudo leva a crer que o presidente Lula da Silva estava certo quando afirmou que os efeitos da crise econômica mundial no país se resumiriam a uma simples “marolinha”. Foi mal compreendido porque não explicou o que queria dizer com tal afirmação. Mas, agora tudo ficou claro com a informação de que as despesas dos chamados Cartões Corporativos cresceram 142% em relação ao primeiro trimestre de 2008. No ano passado, depois de uma série de denúncias devidamente comprovadas sobre a verdadeira farra com dinheiro público, o uso dos Cartões Corporativos foi objeto de uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Congresso Nacional que, a exemplos de muitas outras, terminou em pizza e ninguém foi responsabilizado.
A tal “marolinha” a que o presidente Lula da Silva se referiu pode ser finalmente entendida graças aos dados divulgados pelo Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI). De fato, a crise econômica não chegou aos Cartões Corporativos. Eis os números: no primeiro trimestre de 2008, o governo gastou com cartão de crédito R$ 4.910.363,00 e no primeiro trimestre de 2009, R$ 11.898.160,00. Os saques em dinheiro aumentaram em 100% (de R$ 2.195.939,00 para R$ 4.407.625,00). O Ministério da Justiça é o campeão de aumento de gastos. Eles deram um salto de 1.397%, passando de pouco menos de R$ 150 mil no primeiro trimestre de 2008 para R$ 2 milhões e 225 mil em 2009. Desse total, 78% foram sacados em dinheiro. A presidência da República é o vice-campeão no aumento de gastos com cartão que passaram de R$ 1.228.692,00 em 2008 para R$ 4.205,956,00.
Não seria de todo despropositado imaginar quantos equipamentos de ginástica, materiais de construção, equipamentos eletrônicos, diárias em hotéis 5 estrelas, viagens de 1º classe, nababescos jantares e até mesmo tapiocas foram custeadas com o dinheiro público através da utilização dos Cartões Corporativos por ministros, assessores e outros funcionários “da casa”. Como se observa, o presidente Lula tinha razão quando falou em “marolinha”.
Giovani Allievi