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Entidades médicas flagram centro cirúrgico sem porta

21/4/2009

Superlotação, corpo aguardando remoção para o necrotério por mais de seis horas, porta do centro cirúrgico faltando um lado, crianças operadas se recuperando junto com adultos, falta de equipamento e de leitos, além da sobrecarga de médicos e outros profissionais, são apenas alguns dos problemas encontrados na manhã de ontem, durante fiscalização de representantes da Federação das Entidades Médicas de Sergipe ao Hospital de Urgência de Sergipe (Huse). A direção do hospital informou que aguardará o relatório das entidades médicas.

O presidente do Conselho Regional de Medicina, Henrique Batista, informou que o objetivo da visita conjunta com o presidente do Sindicato dos Médicos (Sindimed), José Menezes e do presidente da Sociedade Médica de Sergipe (Somese), Petrônio Gomes, foi fazer uma fiscalização para detectar os problemas e enviar aos gestores do Hospital de Urgência.

“Hoje os trabalhos foram realizados nesse hospital, repleto de problemas em razão da própria situação que a unidade ostenta dentro do Estado de Sergipe. Estivemos no setor do centro cirúrgico, mas vamos voltar para verificar os problemas da UTI, recepção entre outros setores”, ressalta.


Depósito de Pacientes

Segundo o presidente da Somese, Petrônio Gomes, no Huse tem muito paciente para pouco médico e a infra-estrutura do centro cirúrgico está inadequada. “A parte física é boa, mas o material defasado, o que dificulta o bom funcionamento do hospital. Das nove salas inauguradas, duas funcionam a contento, quatro precariamente e três servem de ‘depósito’ de pacientes no pós-operatório”, lamenta destacando que são oito leitos na recuperação pós-anestésicos, para uma média de 20 pacientes.

“Isso é um risco, pois as pessoas ficam espalhadas em outras salas, sem o acompanhamento de médicos, podendo haver óbito, o que já aconteceu. São quatro funcionários para mais de 20 pacientes por dia. Só existe material de consumo, como luvas e remédios, mas faltam equipamentos como capinógrafo e carro de anestesia e vimos ainda, uma porta com apenas um lado na sala destinada às neurocirurgias, contaminação na certa”, acredita.


Demora na remoção

O presidente da Somese disse que ele e os colegas ficaram assustados com o que consideraram uma situação gravíssima. “Uma coisa grave. Um paciente faleceu às 3h45 minutos desta madrugada e o pessoal do necrotério só apareceu para remover o corpo às 9h10. A sorte é que não estava mal-cheiroso, podendo ter contaminado tudo. Isso é inadmissível. Lugar de morto é no necrotério”, entende Petrônio Gomes.

“Vamos fazer nos próximos dias, uma vistoria na antiga Maternidade Hildete Falcão, hoje, hospital da dengue, pois fomos informados que muitos pacientes com dengue permanecem aqui no Huse, aumentando a superlotação. Os médicos do setor de trauma-ortopedia também estão se sentindo atados”, completa José Menezes acrescentando que o Sindimed provocou o Conselho de Medicina para a vistoria, cujo relatório com o resultado deverá sair em breve.


Contraponto

O diretor do Huse, Iuri Maia disse que não teve nenhuma informação sobre a fiscalização e que, como não foi uma visita oficial, vai aguardar o contato dos representantes das entidades médicas com um relatório, para verificar o que pode ser melhorado. “Foi uma visita à revelia. Eles não entraram em contato com a administração do hospital”, ressalta.

Quanto ao fato do corpo que ficou horas na maca aguardando a remoção, ele disse não ter sido comunicado. Indagado sobre as crianças se recuperando junto com adultos, Iuri Maia disse que “centro cirúrgico é um só em qualquer hospital e se for em um hospital particular, acontece a mesma coisa”. Sobre as demais denúncias como falta de equipamentos, ele afirmou que a Vigilância Sanitária está acompanhando.

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