O líder da bancada de oposição na Assembléia Legislativa, deputado estadual Venâncio Fonseca (PP), ocupou a tribuna na tarde de hoje (30) para condenar o que ele entende por "pressão" que o governador do Estado, Marcelo Déda (PT), estaria impondo aos policiais militares de Sergipe. De acordo com o parlamentar, o petista foi "o maior incentivador de greves no Estado" e, atualmente, quer intimidar a categoria.
Ao iniciar seu pronunciamento, Venâncio se recordou do final do governo de João Alves Filho (DEM), em 2006, quando ocupou a tribuna da AL e os policiais militares ouviram seu pronunciamento de costas para o plenário. O deputado disse que trazia informações a respeito de uma solicitação feita pelos policiais militares ao então governador, cuja negociação ele afirmou não ter tido sucesso. "O tempo é o senhor da razão. Hoje eu falo de frente para todos os militares, olhando nos olhos de cada um, porque eu falo a verdade. Eu prefiro ser vaiado falando a verdade, a ser aplaudido espalhando mentiras e vendendo ilusões".
Em seguida, Venâncio disse que "a polícia militar quer do governo das mudanças, que tem um bom discurso, o mesmo tratamento que foi dado a polícia civil. A PM, assim como os bombeiros e os agentes penitenciários, também compõem o sistema de segurança e não pode ser discriminada. João Alves Filho errou muito, inclusive com a PM, mas foi punido com a derrota. Mas Marcelo Deda foi eleito prometendo mudar Sergipe e, até agora, não disse para que veio. Nesse governo se você precisa ir para uma escola o professor está em greve; se você quer ir a um hospital, médicos e enfermeiros paralisaram suas atividades; se você busca o transporte urbano, motoristas e cobradores de �?nibus estão em greve; e agora a gente corre o risco até de não ter segurança nas ruas. E o governador ainda quer intimidar os militares e os demais servidores com arrogância e prepotência?", questionou.
Venâncio, daí em diante, não poupou mais o governador petista. "Marcelo Déda foi quem mais incentivou e quem fez mais greve em Sergipe. Hoje ele está sentado na cadeira de governador fruto desses movimentos. Hoje greve é motim! E quem fizer, já sabe: bota-se para fora! Nós vivemos em uma democracia ou em uma ditadura? Não venha com intimidação governador. Eu fui líder do governo passado, enfrentei vários deputados aqui no plenário no debate, e agora Déda quer asfixiar os movimentos sociais? Os professores voltaram para as salas de aula decepcionados, envergonhados e humilhados por um governo que eles sempre sonharam", provocou.
"E quanto ao reajuste não me venha, governador, com a desculpa que caiu a arrecadação. Até porque neste Estado pode faltar dinheiro para tudo, mas não falta para festa. Ou será que Marcelo Déda só quer esvaziar os cofres em 2010, que é um ano eleitoral? Se o governo quer folga para pagar um bom reajuste aos servidores que ele diminua os cargos de comissão do Estado, que diminua os conselhos dos marajás do PT que recebem R$ 3 mil por uma reunião mensal, que acabe com os secretários adjuntos que não fazem nada em sua maioria e são meros cabos eleitorais, e que pare de gastar tanto dinheiro em festas", sugeriu o líder da oposição.
Por fim, Venâncio cobrou dizendo que "espero que o nosso requerimento aprovado nessa Casa, convidando os militares para que eles possam expor a realidade de trabalho aqui em plenário tenha uma atenção da Mesa Diretora. Nós temos que discutir esta situação e espero que seja formada, de forma urgente, a Comissão de Segurança Pública. E que o governador receba a PM".
Ulices Andrade - O deputado Ulices Andrade (PDT) comentou que, quanto a vinda dos militares ao plenário da AL, o cerimonial da Casa já está fazendo o devido agendamento; quanto a Comissão de Segurança, Ulices disse que "todos sabem do aperto que nós fizemos na Casa para ajustar o Poder a uma nova realidade. E a criação de qualquer comissão gera despesas. A AL devolveu dotação orçamentária ao Estado em função desta economia. Mas o nosso departamento técnico-legislativo já está finalizando um estudo para que façamos uma alteração no regimento para juntar uma comissão na outra, com o intuito de não gerar despesas e conciliar os interesses da Casa com os dos trabalhadores. Em Abril estaremos apresentando algumas mudanças que são necessárias no regimento interno para que possamos fazer algumas arrumações, inclusive com relação ao painel eletrónico", disse.
Habacuque Villacorte, da Agência Alese
Foto: Janaína Santos, da Agência Alese