Salvador vai perder a Superintendência Regional Centro-Leste da Infraero e deixará de ser responsável pelos aeroportos de Ilhéus, Paulo Afonso e Aracaju. O decisão foi tomada pelo presidente provisório da empresa, brigadeiro Cleonilson Nicácio Silva, e pela diretoria. Será aplicada a partir de 1º de abril deste ano.
Ela faz parte de processo de reestruturação administrativa, de acordo com a assessoria de imprensa da Infraero, e vai excluir outras três superintendências. Restarão regionais em São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus e a coordenação nordestina ficará concentrada em Recife. A Infraero é responsável pela operação dos aeroportos brasileiros.
A notícia gera desconforto na regional de Salvador, que, além de perder poder de decisão sobre outros aeroportos, perde prestígio e cargos administrativos com alto poder de decisão. A medida reduz de dois para um o número de superintendentes na Bahia, além da diminuição do número de diretorias (atualmente, são nove). A Infraero não divulgou quantas diretorias deixarão de existir.
O baiano e ex-presidente da Infraero Sérgio Gaudenzi criticou a medida, já que Salvador tem o sétimo aeroporto mais rentável do Brasil – superávit de R$ 19 milhões em 2008. São apenas dez os rentáveis. É também o quinto em movimentação de passageiros, enquanto Recife não está entre os dez primeiros. “O aeroporto de Recife não é rentável, enquanto que o de Salvador é. Salvador tem condições de operar Ilhéus, Paulo Afonso e Aracaju e ainda poderia absorver Alagoas”, aponta Gaudenzi.
A Infraero vai contratar uma empresa especializada para realizar uma análise interna com intuito de se preparar para a abertura de capital. Hoje ela é uma empresa pública de capital fechado. O BNDES vai financiar o processo e lançou o edital de contratação no último dia 5.
A abertura de capital foi pregada por Gaudenzi, quando presidente, mas na época rejeitada pelo governo federal, que se inclinava à privatizar os aeroportos rentáveis. Por esse motivo, Gaudenzi se afastou da empresa em dezembro passado. Neste ano, o governo voltou atrás e resolveu seguir com a abertura de capital e desistiu das privatizações.
Sem análise – A empresa que fará a análise ainda não foi contratada, mas o processo de reestruturação já começou, o que gera mais críticas de Gaudenzi. “A redução de superintendências feita sem profunda análise e estudo é mero chute. O bom senso indicaria aguardar-se a análise geral para depois decidir”, pondera Gaudenzi, que coordenou o melhor resultado da empresa – lucro de R$ 370 milhões em 2008.
Reações também no governo baiano e na Assembleia Legislativa. O secretário de Turismo, Domingos Leonelli, reagiu: “É uma decisão lamentável, pois o Aeroporto de Salvador é o de maior movimentação no Nordeste. Tratarei isso com o governador Wagner para marcar uma posição contrária”, disse. O deputado Leur Lomanto Jr., filho de ex-diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), bradou. “É um absurdo, Salvador, que movimenta seis milhões de passageiros, deixar de ter superintendência, enquanto Recife movimenta quatro milhões e vai continuar tendo”.
A assessoria de imprensa da Infraero alega que a redução do número de superintendências segue critérios estabelecidos em estudos da diretoria executiva e que a decisão foi colegiada – das cinco diretorias e da presidência. Alega ainda que, ao invés de perder, o aeroporto de Salvador ganha, pois passa à jurisdição da central, em Brasília, como ocorre com os maiores aeroportos do País. Isso daria maior “autonomia e eficiência na gestão” do aeroporto.
FONTE: A TARDE ON LINE