Arte no lixo
Lembram daquele painel do artista plástico Zé Fernandes que embelezava o Relógio do Milênio no Parque da Sementeira? Pois é, a obra-prima que serviu como pano de fundo para a criação de Hans Donner, da Rede Globo, foi retirada pela Emsurb e esquecida em algum canto qualquer. Agora, vejam só, foi vista assim, no próprio Parque da Sementeira, servindo de lona para cobrir terra preta e estrumo. Uma vergonha! Nem a nossa arte, nem os nossos artistas, muito menos o nosso grande Zé Fernandes merecem isso! A Prefeitura de Aracaju deve uma explicação ao artista e à sociedade. Barbaridade!
FONTE: OSMÁRIO 26/02/08
FOTO: JORNAL DA CIDADE - JORGE HENRIQUE
Está arrasado
O artista plástico José Fernandes anda em depressão, pois jamais imaginou uma de suas obras no lixo, como aconteceu com o painel do relógio da Sementeira que ele pintou com todo carinho e até arriscando a vida e sem cobrar.
Pois tiraram a tela do Zé e jogaram no lixo, como revelou a foto de Jorge Henrique na coluna de quinta-feira.
A obra de arte cobrindo estrume no Parque da Sementeira. Melhor dizendo: literalmente na “merda”. O artista por pouco não parou no hospital, pois tamanha atitude feriu sua sensibilidade de artista, atingiu sua dignidade, sendo até motivo de chacota. Hoje é fera ferida!
FONTE:JORNAL DA CIDADE - OSMÁRIO 28/02/09
FERNANDES-1
Dois advogados renomados estão aconselhando ao artista plástico José Fernandes a entrar com ação contra o município, por ter jogado no lixo um painel de sua autoria.
O painel embelezava o Relógio do Milênio que fez a contagem regressiva para os 500 anos do descobrimento do Parque da Sementeira.
FERNANDES-2
José Fernandes já recebeu dezenas de telefonemas, e-mails e telegramas, de todo o Brasil, prestando-lhe solidariedade.
Apenas duas coisas o deixaram triste: um telefonema de Aracaju pedindo que ele esqueça o fato e os dois dias que esperou para dar entrevistas, por solicitação de um radialista.
FONTE: PLENÁRIO - FAXAJU - BRAYNER 04/03/09
Manifestou solidariedade a José Fernandes
A presidente da Emsurb, Lucimara Passos, através de telefonema, manifestou solidariedade ao artista plástico José Fernandes.
Contou que ficou indignada ao ver na coluna foto do painel de José Fernandes cobrindo estrumo em área do Parque da Sementeira.
De imediato, mandou recolher o que sobrou da tela e fez uma investigação para descobrir os responsáveis por tamanho desprezo a uma obra de arte que deveria estar embelezando o próprio parque e não jogada ao lixo.
Descobriu que a concepção artística do José Fernandes foi abandonada pelos responsáveis pelo relógio instalado no Parque da Sementeira e aproveitada por inocentes garis, que fizeram uso da arte do Zé para proteger o estrumo das intempéries do tempo.
FONTE: OSMÁRIO 04/03/09
FERNANDES
O estado emocional do artista plástico José Fernandes está abalado, ele disse que é uma situação vergonhosa e que não se está fazendo nada.
O artista refere-se à destruição do painel feito por ele para o relógio da Sementeira.
Fernandes sente medo de que a qualquer momento poderá assistir, como fato comum, rasgar poesias e artes em Sergipe.
PREFEITURA-1
A Prefeitura de Aracaju divulga que sequer sabia do desaparecimento da obra artística de José Fernandes, porque não partiu dela a mudança do painel do relógio da Sementeira.
Quem fez a mudança do painel foi a TV-Sergipe e entregou o que fora feito por José Fernandes a um gari, que o usou para cobrir adubo.
PREFEITURA-2
Segundo a fonte da Prefeitura, o relógio pertence à TV-Sergipe e o município cede o terreno, através de convênio, mas sem interferir na manutenção.
Foi a TV-Sergipe que mandou fazer um novo painel com motivos de Aracaju. A prefeitura não vai entrar na discussão e lamenta o que aconteceu com a obra do artista.
FONTE: FAXAJU - PLENÁRIO - BRAYNER 05/03/09
Serviu para cobrir excrementos
Exibindo nota publicada nesta coluna, a deputada estadual Goretti Reis (DEM) lamentou o descaso com a obra do artista plástico José Fernandes, que, como ela, também é lagartense.
A parlamentar se solidarizou com o artista, que teve uma obra doada à TV Sergipe para a comemoração dos 500 anos do Brasil para embelezar o relógio do Parque da Sementeira e que depois de retirada foi jogada no lixo e serviu para cobrir excrementos.
OSMÁRIO 05/03/09
Desrespeito a um artista repercute na AL
Obra do artista plástico José Fernandes foi encontrada cobrindo estrume no Parque da Sementeira
Assunto foi iniciado pela deputada Goretti Reis
O desrespeito ao artista do pincel é uma coisa que pode magoar para todo o sempre. Assim não se entende o que fizeram com o querido José Fernandes, cuja tela que ornamentava o Relógio do Milênio, foi retirado e transformado numa lona que encobria esterco no Parque da Sementeira, sede da Emsurb, onde fica o relógio. Quem praticou essa barbaridade ainda não se sabe.
Mas, o artista obteve a solidariedade ontem de deputados que se pronunciaram na Assembléia sobre o assunto. A deputada Goretti Reis foi a primeira a puxar o assunto revelando que o artista está muito deprimido com a insensibilidade daqueles que não se comovem com uma obra de arte. Outros deputados, como Venâncio Fonseca e Arnaldo Bispo, também emprestaram solidariedade ao artista.
Por Ivan Valença 05/03/09
Repercussão da arte no lixo
1 - A coluna recebeu o seguinte e-mail: “É muito triste o que fazem com os artistas no nosso Estado e município, seja qual for sua área de atuação: esculturas, artes plásticas, dança, poesia, música, artesanatos locais (bordadeiras, costureiras, rendeiras...) etc. Falta muito para a nossa arte crescer, ser respeitada, amada e desejada pelo nosso povo. Eu penso que a arte é muito maior do que os nossos olhos; o coração e a pele sentem, ela transcende a tudo. Impossível se explicar; é preciso sentir e viver, a arte é de todos e para todos. Eu não conheço uma só pessoa que não admire uma boa arte. O que falta é educação e acessibilidade para a população”.
2 - “Eu conheço bem a arte, eu leio, ouço, pesquiso, viajo, danço, interpreto, canto (em casa). Eu sinto e não tenho vergonha de dizer: não entendi. Maravilhoso! Apaixonante! Jamais se deve falar sobre a arte e o artista: que feio! Horrível, estilos existem para serem respeitados; ou se gosta ou não. A arte não é elitista e não pode ser; arte deve ser acessível”.
3 - “Nós temos bons políticos, medianos e péssimos políticos, mas quem desrespeita uma obra de arte ou a trata como um lixo deve ser considerado um lixo pior ainda, um lixo que não tem reciclagem, um assassino (ao jogar uma obra de arte se assassina a alma de um artista e mostra seu preconceito), um preconceituoso (crime inafiançável), um burro (dizer que é um ignorante é um elogio, pois a ignorância passa pela desinformação e isto eles não são)”.
4 - “Seja lá quem cometeu este ato selvagem precisa pagar pelo que fez. O primeiro passo é um manifesto por escrito dos artistas em apoio a Zé Fernandes, preparar um manifesto popular através da mídia e em seguida contratar um belo advogado e colocar o Estado, o município, o prefeito, o governador, funcionários e seja lá quem for, na Justiça”.
5 - “Cabe aí uma indenização muito boa, pois ninguém tem autorização para fazer alteração ou mexer em um trabalho que não lhe pertence, seja lá quem removeu o relógio, até podia fazê-lo, mas precisa do acompanhamento pessoal do artista e sua liberação para tal fato, pois estamos falando de uma arte pública (pertence ao povo) e não uma arte particular comprada e guardada em uma casa escondida, mesmo assim o desrespeito seria e será o mesmo a quem o fizer”.
6 - “O segundo passo para nossos artistas ficarem fortes é se organizarem, criarem um lugar com normas e regimento. Eu não sou uma especialista neste assunto, mas um bom advogado faz isso. Não criem uma classe de artistas elitista e preconceituosa, um local para cada um. Monte como se fosse uma associação, empresa, cooperativa, seja o que for melhor, onde todos os artistas possam participar sem preconceito ou um se achando melhor do que o outro, um valorizando o outro, fazendo exposições casadas, um divulgando o outro, como se faz na Bahia. Esta para mim é a melhor e maior qualidade dos nossos amigos baianos. Se organizem!”.
7 - “Em todos os lugares onde eu vou fora do meu amado Estado eu digo que não existe local como o meu e nem artistas melhores, eu sempre que posso presenteio pessoas com alguma obra de arte de artistas sergipanos e no cartão elogio muito o artista e sempre coloco o contato do mesmo. Sou sergipana e tenho muito orgulho disto”.
8 - “É preciso reagir quando atiram flechas com fogo e veneno nas pontas em direção à arte e ao artista, elas são implacáveis e matam na sua maioria, mas a pior dor é a da humilhação, a do esquecimento, da falta de amor e carinho. Estas são coisas piores do que a fome, fome de arte ou comida. As pessoas e o seu trabalho precisam ser respeitados, mas também as pessoas precisam se dar ao verdadeiro valor, isto é, não querer serem mais do que os outros, mas saberem quem são e o que fazem, para poderem se defender”.
9 - “Porém, eu propositadamente deixei para o final para falar um pouco do grande artista José Fernandes, ou Zé Fernandes, como todos o conhecemos e chamamos. O Zé Fernandes nascido em Lagarto, com aquela altura toda, é um desses seres humanos tão íntegros e maravilhosos que fica difícil escrever sobre ele e o seu talento, talento este que é maior do que ele, pelo menos umas cem vezes. Mas Zé tem uma qualidade muito grande, que é a humildade, mas jamais devemos confundir humildade com humilhação e falta de respeito; é isso que esta acontecendo”.
10 - “A arte espetacular deste amado e renomado artista sergipano consegue me transpor além das imagens tal é a realidade dos desenhos. Eu sinto até o cheiro da água, do peixe, das pessoas, quando olho para o trabalho dele. Se olhar muito sou capaz de conversar com as figuras, além, é claro, da sensualidade dos desenhos. Quando ele pinta apenas a natureza também se supera. Sua simplicidade e luxo na arte me faz sentir uma pessoa melhor”.
11 - “Zé Fernandes não merece este tratamento, nem ele e nem qualquer ser humano. Um pedido de desculpas em rede de rádio e TV é muito pouco perante o ocorrido. Nós seres humanos precisamos de respeito, atenção e carinho. Então eu peço a Zé e a todos vocês: ajam, se unam, comecem a exigir os seus direitos, seja lá quem fez, faça ou um dia fará. As injustiças precisam ser reparadas e a injustiça começa na educação e no trato com as pessoas”.
12 - “Eu não frequento a casa de Zé Fernandes, conheço sua obra e possuo algumas peças do seu trabalho em casa ou em empreendimentos entregues por minha empresa, mas se eu pudesse dizer algo para este maravilhoso artista, seria algo muito simples: Zé Fernandes, eu te adoro, você é magnífico e no sentido literal da palavra você é superior a todos eles, brigue pelo seu espaço e sua arte. Um relógio lindo daquele que já fazia parte do nosso dia-a-dia não pode ser jogado fora como se fosse um resto de qualquer coisa”.
13 - “Exija os seus direitos, corra atrás; eles podem até não querer colocar mais seu relógio no local, mas é preciso lhe entregar de volta com o mesmo respeito a atenção que você teve com eles, mas entre na Justiça, não por brigar apenas, mas para todos saberem e reconhecerem o seu direito. Ninguém é melhor do que ninguém. Poder é passageiro e só Deus e Jesus Cristo estão acima de nós. Não estamos na ditadura e nem no nazismo; é preciso reagir. Zé Fernandes, você é incrível, vai superar e dar a volta por cima. Deus lhe abençoe sempre e que seu talento cresça cada vez mais; leve sua arte para todos! Carinhosamente, Ana Maria Alves e Mendonça”.
OSMÁRIO 06/03/09
Descaso com a cultura deixa o artista plástico sergipano José Fernandes indignado
CORREIO DE SERGIPE - MÚCIO MIRANDA 04/03/09
“Não sei se a EMSURB ou a TV Sergipe é a responsável pela destruição de minha obra. Neste jogo de empurra-empurra só tenho a convicção de um descaso com a cultura sergipana”, desabafou José Fernandes, artista plástico sergipano que vê uma de suas obras absolutamente relegada ao descaso.
Em 2003, o artista plástico sergipano José Fernandes foi convidado através do jornalista Osmário Santos, que interveio junto a TV Sergipe, possibilitando o artista registrar com sua arte aquele marco nacional.
Com auxílio de Tonho Magaref e Wilson Mendonça, José Fernandes passou por um período de um mês e quinze dias executando a obra, com medidas de 14 metros de altura por 7 de largura, superando todos os riscos e desafios. O relógio, fincado no Parque da Sementeira, no ano de 1999, em comemoração aos 500 anos do Descobrimento do Brasil, desenhado pelo designer austríaco Hans Donner, exibindo a logomarca da Rede Globo. Além de marcar as horas com o horário de Brasília e os dias que faltavam para 22 de abril de 2000. Completando assim os cinco séculos do nosso descobrimento.
A obra pintada por José Fernandes, sobre uma tela de nylon importada, retrata uma Madona, algumas pombas e um peixe. Segundo o pintor, a Madona está de braços abertos para acolher os aracajuanos e turistas, assim como a pomba, que representa a paz que deve reinar na cidade.
José Fernandes ficou indignado pelo descaso com a sua obra e a cultura sergipana, que foi, literalmente, parar no “lixo”. O painel, que por muitos anos encheu de orgulho aos aracajuanos, foi pintado com carinho e foi doado sem nenhum ônus a TV Sergipe.
“A TV Sergipe entrou em contato comigo, através do seu diretor de marketing, Vitor Amaral, só depois de ter sido veiculada uma nota em uma coluna social da cidade”, declarou entristecido e emocionado o pintor.
O artista plástico até sugeriu que a obra fosse doada para uma entidade pública, alegando que uma obra assinada deste porte seria como um filho e não deveria ser abandonada desta forma.
O relógio foi restaurado em 2006 e, para substituir a obra de José Fernandes, foi colocado um novo layout, estampado com oito diferentes imagens plotadas de locais representativos da capital, com pontos turísticos e paisagens em homenagem aos 153 anos de Aracaju. Isso, para José Fernandes, trata-se de fotos frias “sem valor artísticos nenhum”.
Segundo Vitor Amaral, a obra foi retirada, recolhida para as dependências da emissora e foi enviada para a EMSURB, órgão responsável da Prefeitura de Aracaju. “O que aconteceu depois deste período é de responsabilidade da prefeitura”, defende-se o diretor da emissora.
Através da assessora de imprensa da EMSURB, Mayusane Matsuane declarou que “segundo a presidência da Emsurb, a própria TV Sergipe retirou a arte e deixou no Parque da Sementeira, por conta da situação da mesma – que se encontrava em má conservação devido à exposição ao sol e chuva”.
O artista plástico lamenta toda esta situação e aguarda as devidas providências para sanar de vez com este descaso com obras de grande valor artístico e emocional.
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