Candidatos à sucessão presidencial: José Serra, Dilma Roussef e Aécio Neves
A preocupação das lideranças tucanas que apoiam Serra é o governador mineiro Aécio Neves. Apesar da insistência, Serra argumenta que o eleitorado de São Paulo não aceitaria bem a ideia do governador deixar o Estado num momento de crise para se dedicar à campanha para uma eleição que ainda está longe. Paralelamente a essa movimentação, o PSDB quer aprovar com urgência, o regulamento da prévia e o presidente Sérgio Guerra procura convencer Serra de que a medida é válida.
As bases também
O PDS também vai realizar uma reunião com os prefeitos e vereadores do PPS e do DEM, apresentando a eles até fim de março ou início de abril os pré-candidatos José Serra e Aécio Neves. A grande discussão interna no PSDB, no entanto, é se o candidato deveria ser lançado este ano ou em 2010. A precipitação no governo, lançando logo o nome de Dilma, é que preocupa os tucanos que já admitem uma antecipação em suas definições.
Serra participou ontem do Show Rural Coopavel, em Cascavel no Paraná, mas negou que estivesse em campanha. E explicou que "a gente tem que, nesse momento, se debruçar para administrar bem, cumprir as responsabilidades e enfrentar a crise. Essa é a minha prioridade neste momento, e não a política eleitoral, de verdade".
Aécio ativo
Aécio Neves também deu entrevista no fim de semana à revista "IstoÉ" admitindo que é candidato a presidente em 2010. Afirmou que está disposto a disputar as prévias, se forem confirmadas. "É natural que eu seja uma alternativa para o partido.
Estou disposto a disputar as prévias e discutir com as bases do partido um projeto novo para o Brasil" Deixou claro que não fazem sentido as especulações de que sairá do PSDB para se filiar ao PMDB. "Se estou propondo no PSDB uma discussão interna, não faz sentido eu dizer que vou para outro partido. Se aceito e proponho a discussão interna, tenho compromisso com o PSDB", esclareceu.
Sobre a ideia defendida numa reunião de líderes tucanos com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de antecipação do lançamento do candidato do partido a presidente, o governador de Minas acha que o PSDB não deve definir sua estratégia em função da estratégia dos outros. Se o governo federal optou por antecipar o nome da Dilma, é uma estratégia dele, observa o governador mineiro.
Crise e sucessão
A crise financeira mundial com suas consequências pode estar antecipando o debate sucessório, aqui no Brasil? O presidente Lula e a própria ministra Dilma Roussef são criticados pela oposição de fazer pregações e ampliar suas exposições públicas. Em São Paulo, o principal adversário do PT, José Serra, também lançou elenco de medidas para fazer frente ao cenário de crise. A oposição promete, no entanto, recorrer à justiça eleitoral para questionar o comportamento do Presidente.
Atento a essas movimentações, outro tucano, Aécio Neves, promete não assistir impassível às movimentações partidárias favoráveis a Serra e prega uma prévia entre os correligionários. Essas ações mostram que, mesmo em meio à dura realidade econômica, a movimentação em direção a 2010 não perdeu espaço. Ela acabará administrada e evoluindo juntamente com o enfrentamento da crise. E parece difícil que haja outro caminho.
O único setor político que acompanha com mais discrição esse quadro é o PMDB. Mas mesmo assim, os novos presidentes da Câmara e Senado, Michel Temer e José Sarney, anunciaram a formação de comissões para tratar da crise, recrutando economistas e políticos que já foram ministros da Fazenda como é o caso de Delfim Netto na Câmara e Francisco Dornelles no Senado.
Dilma com PT paulista
O PT paulista ofereceu um jantar à ministra, Dilma Rousseff, demonstrando que está afinado com a sua provável candidatura. Os presidentes nacional, estadual e municipal do PT, Ricardo Berzoini, Edinho Silva e José Américo, estiveram na casa da ex-ministra do Turismo, Marta Suplicy, anfitriã do encontro. Ao jantar também estiveram os senadores Eduardo Suplicy e Aloizio Mercadante, parlamentares das bancadas petistas federal e estadual e vereadores.
A presença dos principais expoentes do PT paulista visou acabar com versões de que, no partido, haveria resistências à candidata preferida do presidente.
Carlos Fehlberg
Fonte: Política para Políticos