A Polícia Civil apresentou na tarde desta segunda-feira, dia 9, o resultado de uma Operação, responsável pela prisão de quatro pessoas responsáveis pelo desvio de mais de R$ 1 milhão em remédios do Centro de Atenção à Saúde de Sergipe (Case). Segundo a polícia, essa era a fonte de renda ilegal da quadrilha que vinha desviando produtos controlados para tratar doenças crônicas, a exemplo do câncer.
O caso foi investigado durante três meses pelo Núcleo de Combate a Crimes Contra a Administração da Polícia Civil, que levou à prisão de quatro pessoas, entre elas dois funcionários da unidade, que fornece remédios de alto custo e uso contínuo a 15 mil pessoas.
Sob o comando do delegado Robério Santiago, a intervenção policial foi chamada de Operação "Corruptus" [expressão em latim que quer dizer apodrecido]. O esquema teve início em março de 2002 e só foi descoberto a partir de uma denúncia, feita pela Secretaria de Estado da Saúde à Secretaria de Estado da Segurança Pública. Os gestores públicos desconfiaram da ação de funcionários do Case e da quantidade de saída de alguns ítens, como remédios para controlar os efeitos de quimioterapia em pessoas vítimas de câncer, além de produtos para estimular o crescimento ou tratamento estético. Quase 60 nomes foram usados para justificar os receituários.
Foram presos o representante comercial de medicamentos Pedro Augusto Martins Brito, de 40 anos; a servidora pública Joseane Cerqueira, 45; o funcionário comissionado do Case Romonique Pereira de Souza, 20, e o porteiro Antônio César Quirino, 47, que trabalha no Edifício Florença, na Avenida Nova Saneamento, onde mora Pedro. Segundo as investigações, Joseane era responsável por fazer os cadastros ilegais, enquanto que Pedro falsificava os documentos necessários para autorização e saída dos remédios. Os outros dois suspeitos faziam parte do esquema ajudando na entrega dos recipientes contendo os medicamentos.
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Fotos: Ascom/SSP
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Pedro Brito revendia o Botox a clínicas de cinco médicos especializados em Cirurgia Plástica em Aracaju, que ainda prestarão depoimento à Polícia. Já os remédios usados por pacientes da Oncologia eram repassados a outros representantes comerciais. Todos os medicamentos levados pelo grupo eram de valor elevado, de até R$ 1.500 por ampola, e eram vendidos por R$ 400.
Ao longo de seis anos foram retirados irregularmente do Case e revendidos R$ 1.001.522,11 em Somatropina, Octreotida, Alfaepoetina e Toxina Botulinica (Botox). A média de retiradas desta última fórmula, por exemplo, usada em tratamentos de pessoas com derrame ou para tratamento estético, era de 12 frascos por semana, mas houve casos em que chegaram a sair 25 ampolas.
“Como uma Portaria da Secretaria de Estado da Saúde exigia renovação do cadastro a cada três meses, foi feito um levantamento e, no cruzamento de dados, percebeu-se que uma paciente teria recebido oito tubos de bottox em uma semana. O problema é que ela não tinha doença nenhuma e todos os seus membros da família estavam também cadastrados irregularmente”, ressaltou Robério Santiago. Ele lembrou ainda que, em conversa com gestores do Case, não houve prejuízo no fornecimento de remédios à população.
Os acusados falsificavam também as guias médicas para liberar as ampolas com os produtos e, a cada vez que acessavam a farmácia do Case, levavam uma quantidade bem acima do normal para aquele tipo de droga. “Uma das pessoas que tiveram o nome usado era um garoto de sete anos, com saúde perfeita, mas que nos arquivos da Secretaria de Estado da Saúde, sofria com a Síndrome de Alzheimer, entre outros tipos de adulteração de documentos. Ele 'recebia' mais que o triplo necessário", diz o delegado.
Em uma das fases da investigação, a Polícia Civil de Sergipe teve que interromper parte dos trabalhos porque Pedro Brito havia viajado para o Paraguai e chegou a ficar preso por dois dias na fronteira, pela Polícia Federal, por transportar medicamentos ilegais. De acordo com o delegado Robério Santiago, os bens do suspeito que foram apreendidos ainda vão ser analisados. O grupo foi autuado por formação de quadrilha, peculato, falsificação de documento público, falsidade ideológica e corrupção.
Fonte: SSP/SE
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