Definindo o governo Marcelo Déda (PT) como “uma orquestra desafinada”, o ex-deputado federal João Fontes (PPS) lamentou ontem a postura de Marcelo Déda frente aos problemas que ele está tendo que enfrentar como governador do Estado – sobretudo em relação não apenas à cobrança dos professores, no que tange o pagamento do piso de R$ 950, mas também à insatisfação da Polícia Militar. Segundo João Fontes, o então deputado federal Marcelo Déda esteve na trincheira da histórica luta dos professores pelo piso, mas o governador Marcelo Déda, hoje do outro lado, parece não compreender muito bem o processo. João diz que faz as observações com “amargura”, pois torce para que o governo Déda dê certo.
“Déda não pode apagar a história. Ele lutou com os professores e agora é aquela expressão: ‘quem pariu Matheus que balance’. Tenho acompanhado com preocupação as entrevistas de Déda e sinto que ele demonstra um certo cansaço com o executivo. Ele está desestimulado”, enxerga João Fontes. O parlamentar acredita que o governador se expõe demais. E diz que o governo precisa de um secretário de Comunicação que defenda o governo, para que Déda não precise se expor tanto. “Tudo é Déda quem fala. Isso não é bom para um governador”, diz.
O ex-deputado federal salientou ainda que o governador Marcelo Déda chegou à Câmara Federal após uma convenção do PT na qual o voto da deputada Ana Lúcia Menezes (hoje secretária de Inclusão Social) foi o divisor de águas para que o candidato fosse ele, Déda, e não o então petista Ismael Silva. “Então, vejo como algo absurdo Déda dizer que o Sintese vendeu ilusões aos professores. O Sintese sempre foi aliado. O lado mais progressista do governo. E a parte melhor que tem hoje no PT é a Articulação (grupo do Sintese), e um rompimento é ruim para o governo”, acredita João Fontes.
Na ótica do ex-parlamentar federal, um governador que anuncia em todo o Estado de Sergipe que tem mais de R$ 1 bilhão em caixa, mas não consegue negociar com os trabalhadores, espelha indisposição para o executivo. “Déda passa por um período de baixo astral. Digo isso não como oposição, mas lamentando, pois gosto de Déda. As declarações dele com a Polícia Militar... Nem Albano Franco, que enfrentou um aquartelamento, agiu assim de forma tão intransigente. Déda está demonstrando cansaço. Ele chegou a dizer numa entrevista que já tem 10 anos no executivo e, ‘se for assim’, não quer mais. É muito preocupante. Mas acredito que há tempo para o barco reencontrar o rumo”, disse.
Jornal da Cidade - Texto: Joedson Telles