Produtos de Sergipe e Pernambuco estariam entrando ilegalmente no Estado; setor cobra do governo fiscalização e investimentos
PAULA FELIX - Repórter
Cerâmica de Capela, uma das 34 empresas de pequeno e médio porte que resistem às dificuldades
Espalhadas por dez municípios alagoanos, pouco mais de 30 fábricas de cerâmica se sustentam por meio da insistência de seus proprietários, do suor dos trabalhadores e do auxílio de projetos de empresas e do governo do Estado. A carência de tecnologia é um problema para o setor, que atua de modo praticamente artesanal, mas a maior preocupação de quem lida com a cerâmica é a concorrência desleal de produtores de Sergipe e Pernambuco.
Os empresários denunciam que esses Estados estão introduzindo telhas e tijolos em Alagoas, sem pagar impostos, por meio de Porto Real do Colégio, ou utilizando notas fiscais frias, em vários municípios alagoanos. Outra denúncia diz respeito aos padrões de qualidade do produto.
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Combustível é um dos gargalos do segmento
Apesar dos métodos artesanais, que incluem transporte do material produzido em carrinhos ou animais, o trabalho em uma fábrica de cerâmica é frenético. Se não correm em esteiras, são passadas de mão em mão até chegarem ao montante de mais de oito milhões de tijolos de seis furos, o mais produzido no Estado, por mês. O dado é de um levantamento feito pelo Sindicato da Indústria Cerâmica de Alagoas (Sindicer/AL), que catalogou todas as indústrias de cerâmica de Alagoas, fornecendo um panorama da situação delas.
O preço do milheiro de tijolos varia entre R$ 120 e R$ 200. A produção escoa para a construção civil e, geralmente, é vendida sob encomenda. O braço que faz esse motor girar ganha, em média, um salário mínimo e meio. E são entre 1,5 mil e 2 mil pessoas que se dividem em todas as etapas de produção, nas 34 cerâmicas de Alagoas.
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Cinco empresas vão receber selo de qualidade
“Eles entram aqui com notas fiscais frias, não pagam todos os impostos. Se rastrear o local onde a cerâmica é instalada, a gente descobre. Endereço de Arapiraca, mas é falso, porque a cerâmica é de Sergipe, de Pernambuco, da Bahia. Só não é de Alagoas”, denunciou o presidente do Sindicer/AL, Djalma Rocha.
Outra técnica adotada pelos vendedores de Sergipe e Pernambuco é estacionar caminhões com tijolos, telhas e lajotas próximo a construções e vender o produto a um preço abaixo da média. Também eficaz é a entrada por Porto Real do Colégio.
O grande temor dos proprietários de cerâmica é ver o negócio ruir. A média de funcionários de uma fábrica de tijolos é de 100 pessoas, mas cada uma delas está ligada a, pelo menos, mais quatro pessoas, visto que muitos são esteio de família.
Foto: Gilberto Farias
FONTE: Gazeta de Alagoas Web
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