Folha de São Paulo
DA REDAÇÃO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA DA AGÊNCIA FOLHA
A manifestação das centrais sindicais ontem pela manhã em São Paulo reuniu cerca de 1.300 pessoas na avenida Paulista, em frente ao Banco Central, segundo a Polícia Militar, e entre 5.000 e 10.000 trabalhadores de acordo com as entidades que organizaram o movimento. O protesto era contra demissões devido à crise econômica e pela redução da Selic em dois pontos percentuais.
Os representantes das centrais que se revezaram nos discursos orientavam os sindicalistas a fazer greve em todas as empresas em que houver demissão. "É hora dos empresários devolverem o lucro", afirmou Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores). "Na próxima [manifestação], se os juros não caírem, vamos invadir o Banco Central", ameaçou Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical.
Em Brasília, os sindicalistas organizaram um churrasco em frente à sede do BC. Pouco menos de cem pessoas participaram do protesto, onde foram exibidas faixas com frases como "cai [sic] os juros ou cai [o presidente do BC, Henrique] Meirelles". Do carro de som, sindicalistas fizeram elogios a políticas sociais do governo federal, como o Bolsa Família, mas criticaram o BC e os bancos, inclusive os públicos, pelas altas taxas de juros.
Houve manifestações também em outros Estados, como Paraná, Rio Grande do Sul, Alagoas, Amazonas, Bahia, Sergipe e Espírito Santo. Em alguns locais, funcionários fizeram bloqueios nas entradas das fábricas e paralisações. Houve ainda um abaixo-assinado pedindo a redução dos juros.
No polo automotivo da região de Curitiba, cerca de 16 mil metalúrgicos realizaram assembleias de protesto nas montadoras Volvo, New Holland, Nissan/Renault e WHB, uma fornecedora de autopeças, de acordo com a Força Sindical. Cerca de 700 sindicalistas também realizaram uma caminhada no centro da capital.
Em Salvador, cerca de 300 pessoas, segundo a PM, participaram do ato. Um sindicalista usava uma máscara com a caricatura do ministro da Fazenda, com o texto: "Desemprego? Não estou sabendo! Estava de férias".