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MST caminha para as cidades

26/1/2009

Jornal Zero Hora 
 
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) encerrou seu encontro em comemoração aos 25 anos de existência em Sarandi, no norte do Estado, impelido a marchar por novos caminhos.

A preocupação em reconquistar espaço social e peso político perdidos, manifestada durante o evento, que se prolongou de terça-feira a sábado, motiva uma mudança de rumos alinhavada em solo gaúcho. O encontro ainda marcou a ruptura entre a organização e o governo federal, que sequer foi convidado para a celebração.

O novo mapa dos sem-terra destaca os centros urbanos e o alto-mar brasileiro como alvos da nova mobilização campesina. Apesar disso, a ameaça feita ao final do evento é de que as tradicionais invasões de terra serão intensificadas este ano.

Nos cinco dias do 13º Encontro Nacional do MST, no assentamento Novo Sarandi, os líderes decidiram reforçar os laços com entidades citadinas.

– A ligação com as cidades não é nova, já que 20% dos assentados no Estado vieram delas, mas pode ser aprofundada não para arregimentar sem-terra, e sim diversificar a ação do movimento – avalia o professor de Sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Ivaldo Gehlen, especialista em desenvolvimento agrário.

A estratégia inclui chegar às cidades com o auxílio de sindicatos de servidores públicos e centrais de trabalhadores participando de mobilizações conjuntas, mas não exclui ações como invasões de empresas urbanas.

– O MST sempre esteve presente nas cidades. Só vamos intensificar nossas lutas – diz um líder do movimento.

A voltagem das ações do MST foi outro ponto de discussão. Um grupo de sem-terra entende que o movimento deveria adotar uma postura mais moderada em vez de apostar em ações agressivas capazes de desgastar a imagem dos sem-terra. Ao eleger a defesa do petróleo como uma riqueza a ser controlada exclusivamente pelo governo brasileiro, o MST pode estar apontando uma solução intermediária para este embate interno de forças, já que é um tema com maior apelo à sociedade civil.

– Essa questão do petróleo é uma novidade por parte do movimento, e tem um caráter nacionalista. É uma palavra de ordem com muito apelo social – avalia Gehlen.

Irritado com os investimentos do Planalto na reforma agrária e com a velocidade na distribuição, o MST também sinalizou o divórcio com o governo Lula, um tradicional aliado. O protesto dos sem-terra encontra uma das justificativas para a ruptura nos números do Ministério de Desenvolvimento Agrário. De R$ 1,666 bilhão previsto para 2008, o governo só gastou 44,24%

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