FAX AJU
Por cerca de três anos, a cada início de semestre, uma turma inteira de calouros do curso de Farmácia, oriundos de diversas partes do estado, cursando a disciplina de Farmaco-Botânica, era solicitada por sua professora a fazer um mapeamento do uso de plantas medicinais nas feiras e mercados de suas cidades de origem.
A atividade prática era uma maneira de pôr os alunos em contato direto e vívido com o que seria para eles o objeto de estudo da disciplina e, muito mais, a principal matéria-prima da Farmacologia: as plantas com propriedades medicinais.
A visita aos mercados e feiras incluía uma conversa com os “raizeiros”, os tradicionais vendedores de plantas e insumos e, em alguns casos, com as chamadas “benzedeiras” para descobrir que tipos de plantas e insumos medicinais eles comercializavam, como os obtinham, e se possuíam dados científicos do uso que faziam deles.
Dos resultados colhidos nessa pesquisa informal pelos mercados de Sergipe surgiu a idéia de fazer um mapeamento mais minucioso e específico e que envolvesse uma preocupação sanitária.
Foi assim que a professora Rogéria Souza Nunes, do Departamento de Morfologia, decidiu apresentar o projeto de extensão “O uso de plantas medicinais e fitoterápicos no mercado municipal Albano Franco em Aracaju: Atenção à saúde da comunidade”.
Infelizmente, ela não contará com os cerca de 50 novos alunos a cada semestre em sua equipe de pesquisa, embora garanta que terá o apoio de cada um deles. Em seu projeto, formalmente, apenas dois bolsistas darão auxílio em uma tarefa que consiste em três etapas:
Fazer um levantamento de como os raizeiros e comerciantes conseguem suas plantas e quais as suas condições de trabalho; em segundo lugar, conceder treinamento para os feirantes através de parcerias com a agência de vigilância sanitária; e, por fim, criar um material didático, uma espécie de cartilha na qual as plantas medicinais e também de cunho tóxico apareçam ilustradas e sistematizadas com nome científico, popular, uso, efeitos adversos etc.
Por trás disto tudo, o projeto tem como alvo utilizar os conhecimentos da universidade para melhorar a qualidade do serviço oferecido no Mercado Municipal Albano Franco e, por extensão, em outros centros. “Tudo nessa pesquisa foi associado à questão sanitária, à preocupação com a falta de uma legislação sanitária direta e à observação das condições de comercialização dos produtos medicinais no mercado”, afirmou a professora.
A Vigilância Sanitária e o Movimento Popular de Saúde de Sergipe (Mops/SE) já estão trabalhando no sentido de intermediar o contato com os feirantes e trazer orientação necessária. E a idéia, ao fim, é que os resultados e todo o material produzido durante a pesquisa sirvam ainda para um outro propósito: a capacitação de professores do ensino médio, que irão multiplicar esse conhecimento com seus alunos.
A população, que procura desde sempre nas plantas medicinais a cura para os mais simples e, às vezes, os mais complexos problemas de saúde agradecem a atenção.
Planta medicinal e fitoterápicos são diferentes? - Sim. Muitas pessoas confundem, mas aquilo que é vendido nos mercados é a planta medicinal em seu estado natural ou já desidratada. Fitoterápico é o medicamento já pronto, industrializado, e para o qual há toda uma legislação sanitária específica