RIO - O secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, dom Dimas Lara Barbosa, rebateu a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a necessidade de fazer alianças no Brasil. Em entrevista à Folha de S. Paulo, Lula disse que Jesus Cristo teria que fazer uma coalizão com Judas para conseguir governar no país.
– Se Jesus Cristo viesse para cá, e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão – brincou Lula na entrevista. Dom Dimas disse que, apesar de Judas ser um dos discípulos de Cristo, Jesus não fazia alianças com “fariseus” – como são chamadas pelos religiosos pessoas que parecem uma coisa por fora, mas por dentro são outra. O representante da CNBB ainda ironizou a declaração do presidente.
– Para governar o Brasil? Estamos tão mal assim? Queria dizer que, sem dúvida, Judas foi discípulo de Cristo, mas Cristo conhece o coração das pessoas e reconhece a liberdade de cada um. Cristo não fez alianças com fariseus. Pelo contrário, teve palavras duras para com eles. Deus conhece o coração das pessoas – afirmou.
Questionado se os fariseus nesse caso poderiam ser representados pelo PMDB, dom Dimas disse que não avaliava, no caso, alianças políticas. Em um jantar, comandado pelo presidente Lula, na noite de terça-feira, petistas e peemedebistas fecharam uma pré-aliança para a campanha eleitoral de 2010. Lula também foi decisivo para que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), permanecesse no cargo após uma série de denúncias.
– PMDB? Não. Não estou entrando em detalhes de partido nenhum. Não estou me referindo a nenhum partido. Tem gente de bem em todas as áreas – contemporizou Dimas. Sem querer polemizar, o secretário-geral da CNBB cobrou do Congresso a análise do projeto de iniciativa popular que estabelece a “ficha limpa” para os candidatos que disputam cargos públicos. O movimento reuniu 1,3 milhão de assinaturas de brasileiros favoráveis à proposta e impede que candidatos com problemas na Justiça participem da disputa eleitoral. – Temos que lutar pela ética na política e levar adiante esse projeto de fichas limpas.
(Com agências)
Jornal do Brasil