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O que a Olimpíada de 2016 no Rio tem a dizer sobre o mercado digital brasileiro

5/10/2009

Nova condição do Brasil no cenário global se reflete também na chegada de grupos internacionais de internet e comunicação ao País.

Rio de Janeiro como sede da Olimpíada de 2016, a primeira a ser realizada na América do Sul em 113 anos dos jogos olímpicos da era moderna. País-sede da Copa do Mundo de 2014, torneio que desde 1978, na Argentina, não se realiza no continente sul-americano.

São os dois maiores eventos do planeta. Ambos organizados no País num intervalo de apenas dois anos, situação que colocará o Brasil no centro dos holofotes internacionais como nunca antes de viu na história deste País, como bem poderia dizer o presidente Luís Inácio Lula da Silva.

Estrela mundial
Mas não é necessário esperar até 2014 ou 2016 para que os brasileiros se reconheçam como estrelas internacionais - o Brasil já é o país da moda. Entre as razões que atraem os olhares do mundo para cá estão uma economia forte, capaz de sair da crise internacional antes das potencias europeias e dos EUA, e uma política externa afirmativa, que inseriu o País nos grandes fóruns decisórios internacionais.

Apenas para citar mais um exemplo, a consolidação do G20, que reúne as vinte maiores economias do planeta, contou com participação direta do presidente Lula, um de seus principais articuladores. O grupo foi ratificado, durante encontro de chefes de estado em Pittsburgh, nos EUA, em setembro, como o fórum responsável pela tomada decisões de âmbito mundial. Ele substitui o G8, o conjunto das principais economias mais a Rússia. 

Facebook e o mercado digital
A condição de ator global relevante do Brasil já se reflete nos negócios digitais, como se pôde ver durante recente visita ao País de Mark Zuckerberg, cofundador do Facebook. Maior rede social do mundo, com mais de 300 milhões de usuários, o site estuda abrir operação local em 2010, disse Zuckerberg durante palestra a estudantes da FGV, em São Paulo.   

Uma rápida análise mostra também que, só neste ano, três companhias internacionais da área digital ingressaram ou confirmaram para 2010 o início de operação no mercado brasileiro.

A primeira delas foi a Eyeblaster, agência digital americana que montou escritório no Brasil em agosto. Presente em 37 países, a organização atuava no País, antes de montar sede, por meio de parceria com a Realmedia, companhia especializada em representação comercial de empresas de internet.

Polo de expansão
Presidente da filial brasileira da Eyeblaster, o executivo Carlos Medina afirmou na ocasião que a decisão de montar um escritório próprio no País partiu de duas motivações do presidente mundial da companhia, Gal Trifon. Uma delas se deve ao fato de que, quando representada pela Realmedia, a agência prestava apenas  uma pequena parte de seus serviços. “Temos as ferramentas para celular e outras peças mais simples que poderíamos comercializar”, disse Medina em reportagem do IDG Now! do dia 28/8.

A outra razão está na visão estratégica de investir na América Latina. “Trifon percebeu que precisaríamos atuar  no mercado de forma mais completa. Para isso, já montamos um escritório em Buenos Aires e abriremos em breve um em Bogotá”, afirmou Medina.

Agências internacionais
Uma das principais agências de publicidade digital dos Estados Unidos, a Razorfish anunciou em setembro sua expansão para a América Latina, incluindo a abertura de um escritório no Brasil, em 2010.

A operação latino-americana começará pelo País, mercado em que a agência tem como principal cliente o portal Terra. O  diretor-geral para a América Latina será Jose Martinez, que atua na Razorfish desde 2000.

Por enquanto, o executivo continua a atuar no escritório da empresa em Nova York (EUA). Martinez se reportará a Dave Friedman, nomeado  em junho presidente da companhia para as Américas. A Razorfish foi vendida em agosto pela Microsoft para o Publicis Groupe, organização francesa de mídia, que pagou 530 milhões de dólares pela agência americana.

Expedia no Brasil

A área de venda de viagens pela internet também é responsável por um movimento de porte.  O Grupo Expedia, um dos principais desse no mundo, confirmou ingresso no mercado brasileiro, uma notícia antecipada pelo IDG Now! no dia 25/8. A organização, responsável pela reserva de 56 milhões de diárias e um movimento de 2,9 bilhões de dólares no mundo em 2008, terá escritório em São Paulo, que comandará a operação na América Latina. A atuação da empresa se dará por meio da marca de site de reservas Hoteis.com.

A Expedia optou por montar sede no País por considerar o mercado brasileiro promissor. Para dar uma ideia, o Brasil representa 50% do volume de negócios realizados pela Expedia na América Latina.

Dados do mercado digital de turismo também encorajam a investida. De acordo o instituto Jupiter Media, empresa especializada em tecnologia, esse setor faturou no mundo 3,2 bilhões de reais em 2007, valor que deve chegar a 10,2 bilhões em 2010, o que indica uma expansão anual de 31%.

No Brasil, esse segmento corresponde a 10% do mercado de viagens, com a expectativa de alcançar 22% no ano que vem, segundo o instituto. Nos EUA, ele representa 26% do mercado de viagens, com a projeção de alcançar 46% no mesmo período.

Outras investidas
Se voltarmos um pouco no tempo veremos que, no ano passado, o Publicis Groupe protagonizou outra investida no Brasil, por meio de sua agência de internet Digitas, que se  instalou por aqui ao comprar a Tribal, empresa brasileira de comunicação digital. A organização francesa tem mais de 45 mil funcionários espalhados por 104 países e faturamento de 6,9 bilhões de dólares em 2008.

Um ano antes foi a vez da Isobar, rede inglesa de agências digitais, fincar bandeira em terras brasileiras depois de adquirir a AgênciaClick por 15,9 milhões de libras, mais 3,4 milhões de novas ações do conglomerado. Segundo a cotação da libra na época, a aquisição envolveria um total de cerca de 41 milhões de dólares - vale a ressalva de que a emissão das novas ações seria feita nos cinco anos seguintes mediante resultados.

Buscapé
A notícia mais retumbante, no entanto, surgiu na semana passada, com a venda de 91% do Buscapé para a Naspers, companhia sul-africana de mídia. O site brasileiro foi arrematado por 342 milhões de dólares, naquela que se tornou a terceira maior transação da história da internet brasileira. A negociação deu ao serviço brasileiro comandado por Romero Rodrigues o valor de mercado de 375,8 milhões de dólares.
 
A aquisição segue uma estratégia da Naspers de investir em grupos que atuam no setor de comércio eletrônico ao redor do mundo. Mais que isso, no entanto, a investida sobre o Buscapé reforça as bases para o grupo sul-africano explorar negócios no contexto da convergência de mídias.

Um dos fatores que justificam a tese é de que há boas perspectivas de combinação de negócios com outra organização com a qual a Naspers está ligada no País, o Grupo Abril - seu braço digital MIH Holdings detém 30% da empresa da família Civita, negociação que resultou na formação da MIH Brazil Participações Ltda. A negociação, fechada em 2006 por 422 milhões de dólares, permitiu o ingresso da Naspers no mercado brasileiro de mídia impressa e eletrônica.

Ambições
A estratégia que se desenha mostra que, com o Buscapé, a Naspers tem acesso a uma base de informações sobre tendências de consumo na área de comércio eletrônico, atributo reforçado com os estudos de consumo na web realizados pela e-bit, empresa controlada pelo site brasileiro de comparação de preços.

Somando-se esse ativo às publicações da Editora Abril, a Naspers tem condições de criar estratégias de marketing ou projetos comerciais focados em diferentes segmentos de público. Vista de outra forma, a Naspers reúne agora no País poder comercial, análise de consumo e conteúdo editorial.

Pela abrangência que sua operação adquire no País, percebe-se que a Naspers não está no mercado nacional a passeio, como disse ao IDG Now! em outra ocasião Índio Brasileiro, sócio-diretor do centro de treinamento avançado em técnicas de planejamento e gestão de projetos digitais I-Group. “Por ter feito aquisições milionárias no Brasil, a Naspers mostra que entra decidida a ser protagonista."

Por Clayton Melo, do IDG Now!


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