Eles debateram acirradamente na CMA, depois que o ex-governador acusou entidade de ser pelega
Não houve ar-condicionado que evitasse o forte calor que pairou no Plenário da Câmara Municipal de Aracaju, no início da tarde de hoje, quarta-feira, dia 30, após o ex-governador João Alves Filho (DEM) concluir uma palestra sobre o que, na sua ótica, é necessário para o desenvolvimento de Aracaju. Ao ter o direito à palavra, o vereador Danilo Segundo (PSB) mostrou insatisfação frente o fato de João Alves ter acusado a União Nacional dos Estudantes (UNE) de ser uma entidade ‘pelega'. "Sou oriundo do movimento estudantil. E a UNE não é pelega. É lutadora", enfatizou.
Ao ter a palavra de volta, o ex-governador argumentou que no seu tempo de estudante, o movimento estudantil era uma força política, mas lamentou que "a UNE, hoje, chega a vergonha, a baixeza de ser a única entidade estudantil que se transformou em pelegos mantidos pelo presidente da República (Lula). Pelegos. Nada mais do que isso. Foi única entidade estudantil da America Latina que não se solidarizou com o massacre que este criminoso chamado presidente Chavez (Hugo Chavez, presidente da Venezuela) fez", argumentou João.
O ex-governador ficou irritado, quando subiu o tom da voz para enfatizar que até o governador Marcelo Déda (PT), que a seu exemplo já pertenceu a UNE, deveria estar com vergonha da situação. "Se não tem vergonha é porque é compadre do presidente". Foi a senha: o vereador Danilo Segundo não conseguiu segurar o sorriso. "O senhor pode estar sorrindo. Mas é a verdade dos fatos. Não estou fazendo graças aqui, vereador. Estou falando de coisas sérias", passou o pito João.
Ao ter a palavra outra vez, o vereador Danilo Segundo disse: "o senhor estava ao lado dos militares que colocaram as baionetas nos estudantes brasileiros. Eu não vivi a história, mas existem livros. Enquanto os estudantes estavam lutando pelos nossos direitos, vossa excelência estava ao lado da ditadura militar, como prefeito biônico de Aracaju. Agora, eu posso rir ou chorar. Estou na Casa que o povo me conferiu para lhe representar. Não admito levar broca nesta Casa", devolveu.
Microfone aberto para João, outra vez, o ex-governador respondeu que Danilo poderia rir e até gargalhar. "Agora, vossa excelência está cometendo um equivoco muito grave, ao dizer que eu fiquei ao lado dos homens que usavam baionetas. Quem me nomeou para ser governador foi um homem dos mais ilustres de Sergipe: José Rollemberg Leite. Fui eu, meu caro vereador, com o meu partido, o PFL (hoje DEM), que foi essencial para redemocratizar este país. Para derrubar o regime militar. Escute vereador, por favor. Eu dei atenção a vossa excelência, quando estava falando. Ouça-me, por favor", reclamou João Alves, quando Danilo Segundo falava com o colega ao lado, o vereador Jailton Santana (PSC).
João Alves disse ainda que, naquela época, como governador de Sergipe pelo então PFL, arriscou seu mandato, ao articular os colegas governadores do Nordeste para que Tancredo Neves se lançasse candidato à presidência da República. "Tancredo não sairia. Se eu perdesse aquela luta, cassariam meu mandato. Agora, quem bate em estudante e em professor é essa polícia comandada pelo governador que é líder de vossa excelência. Eu nunca bati, não", garantiu João.
Da redação do Universo Político.com - Por Joedson Telles