Pesquisa quer entender por que pit bulls são tão violentos
30/9/2009
Além da falta de adestramento e do fator genético, outro motivo leva à agressividade: a deficiência no globo ocular do animal que dificultaria a sua visão.
Aos 20 anos, a estudante Danielle Ferreira foi atacada por dois pit bulls. Dois anos e 13 cirurgias depois, ela tenta superar as marcas deixadas durante quase 20 minutos de ataques. Ela ainda fará mais seis cirurgias.
“Foi um estrago muito grande. Eu perdi tudo de músculo, parte da boca. Fiquei sem nada. Uma parte vem do meu pescoço, outra parte do queixo. Ele arrancou o olho todo, pálpebra e tudo. Não sei como eu enxergo hoje”, afirma jovem.
Danielle teve a vida marcada por um gesto heróico. Ela salvou o irmão de 8 anos que estava sendo atacado por dois pit bulls. O menino foi arrancado de cima de um muro de quase três metros de altura pelo cachorro do vizinho.
Só este mês, dois ataques foram registrados em Pernambuco. Uma adolescente de 16 anos morreu com ferimentos graves provocados por quatro pit bulls. Em Olinda, o dono de um cão teve parte do rosto dilacerado, após chegar em casa alcoolizado e bater no cachorro.
Os pit bulls são conhecidos pela força, impulsão e resistência. São como super atletas, mas com uma boca enorme e mandíbulas poderosíssimas. A raça precisa se exercitar diariamente. Tem muita energia e não pode viver confinada, em espaços apertados.
No passado, os pit bulls tinham fama de cães leais e confiáveis, obedientes aos donos, mas nos últimos anos esta imagem mudou muito. Eles passaram a ser temidos pela agressividade. Chegaram a ser banidos de alguns países, mas o que transformou essa raça em uma fera?
Veterinário, pesquisador e criador de pit bull há 31 anos, Ricardo Cavalcanti afirma que, além da falta de adestramento e do fator genético, outro motivo leva à agressividade.
“O terceiro fator da nossa pesquisa seria o fator anatômico. O cruzamento entre raças distintas pode levar a um distúrbio no globo ocular que causa um alongamento ou encurtamento do globo, causando deficiência visual”, explica o pesquisador Ricardo Cavalcanti.
E é esta a grande novidade da pesquisa: os cães mestiços de pit bull, assim como os tubarões, não enxergam direito as suas vítimas.
”Só os mestiços teriam esta deficiência. Ele, com certeza, perde a identificação de distância. Digamos, perderia 30% da sua visão”,
O veterinário apresenta três cachorros distintos e mostra que diferenciar as raças é um engano comum. Raças diferentes e mestiços são chamados de pit bull. Entre os cães, estavam um pit bull, um Canecosso e um o American Star Fordshire Terrier. “Quem não sabe vai chamar de pit bull”, diz.
Ele afirma: são os cães mestiços que estão atacando e recomenda a castração desses animais. “É melhor que ele não se multiplique”, ressalta o pesquisador.