E no PMDB, Temer diz que Dilma deve assumir candidatura e PMDB quer a vice
O importante para o DEM é voltar ao poder em 2010 e nesse sentido admite até aceitar a chamada "chapa puro-sangue" com nomes do PSDB na disputa pela Presidência e Vice-Presidência. Em compensação reivindica o apoio tucano a pelo menos seis candidatos da legenda em governos estaduais, incluindo Bahia, Distrito Federal e Rio Grande do Norte, as principais apostas do partido para 2010.
A cúpula do DEM admite, inclusive, a dobradinha tucana José Serra-Aécio Neves, mas argumenta que o Partido precisa ganhar a eleição presidencial e, ao mesmo tempo, se reerguer nos estados onde fracassou em 2006, quando elegeu apenas um governador, José Roberto Arruda, no Distrito Federal.
O ex-senador e ex-presidente do partido Jorge Bornhausen é um dos que admite a chapa tucana ao Palácio do Planalto, partindo do princípio de que de que a união São Paulo-Minas Gerais será decisiva para ganhar a eleição. O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia também reforça o ideia de que, em caso de chapa puro-sangue do PSDB, a recompensa para apoiá-la será cobrada no âmbito regional. "Nesse caso, vamos sentar e discutir como o Partido vai se recompor com o PSDB nos Estados. Queremos espaço para nossos candidatos a deputado federal, por exemplo", afirma.
E o PMDB tem planos
"A ministra Dilma Roussef até hoje não se disse candidata. O que ela precisa é assumir." Em entrevista ao Estado de S. Paulo, o presidente licenciado do PMDB, deputado Michel Temer, mostra que o Partido vive uma expectativa pré-aliança para 2010, por isso quer uma definição do PT e do presidente Lula e também pede uma posição da ministra-chefe da Casa Civil como pré-candidata. Para Temer, "se não houver afirmação nacional de que há uma aliança, as coisas começam a desandar". Ele observa, no entanto,que seu partido faz questão do cargo de vice para compor uma aliança com o PT. "O PMDB tem de entrar com a mesma estatura da legenda com quem faz aliança, e não em posição subalterna", justifica. Em síntese, a vice é "indispensável". Mas não deixa de observar que a relação com o governo é boa e nós temos trabalhado muito com a perspectiva de definições político-eleitorais em outubro.
A reforma na Câmara
A pauta da Câmara Federal para esta semana tem três grandes destaques: a votação em primeiro turno da reforma tributária, fim do foro privilegiado para autoridades e a votação em segundo turno do aumento do número de vereadores do País.
O primeiro item, e mais polêmico, teve sua tramitação paralisada desde o final do ano passado, quando o substitutivo do deputado Sandro Mabel foi aprovado em comissão especial. Discordando, partidos de oposição obstruíram as votações em Plenário até a base aliada concordar em transferir a deliberação sobre a proposta para março de 2009. O deputado Mabel, agora, tenta construir um texto que satisfaça aos governadores, que não aceitam perder receita com a mudança da incidência do ICMS da origem para o destino das mercadorias. O consenso em torno do substitutivo tem encontrado resistência da maioria da oposição.
A bancada do PSDB diz que não há mais o que fazer para salvar esse substitutivo, pois ele é inaproveitável: “ O relator foi mudando o texto a cada noite. Virou uma colcha de retalhos", diz o líder do PSDB, deputado José Aníbal.
Para ele uma mudança do sistema tributário deveria seguir a diretriz da desoneração de investimentos e simplificação das regras. "O senador Francisco Dornelles preparou um esboço de reforma com a qual temos bastante afinidade, mas os governistas são contra", disse Aníbal.
Votações no Senado
Mecanismos de estímulo às exportações, ao crédito bancário para empresas e ao financiamento público de indústrias de bens de capital e de aviação estão previstos em duas medidas provisórias em exame no Plenário do Senado. As matérias terão prioridade de votação na sessão deliberativa de amanhã. A primeira MP transformada no Projeto de Lei de Conversão regulamenta a distribuição de R$ 1,9 bilhão para estados, municípios e o Distrito Federal, como auxílio financeiro da União para fomentar as exportações, segundo a agência Senado. Os recursos foram entregues até o dia 25 de junho - décimo dia útil após a data da publicação da MP no Diário Oficial da União, ocorrida em 10 de junho. A Medida Provisória também autoriza a União a participar de fundos que tenham como finalidade garantir, direta ou indiretamente, o risco de operações de crédito de empresas individuais, microempresas e empresas de pequeno e médio portes, com vistas a facilitar seu acesso ao crédito bancário.
Essa participação da União tem limite máximo de R$ 4 bilhões e os fundos deverão cumprir requisitos estabelecidos pelo governo federal. A MP criou também um conselho de participação, que deverá, entre outras atribuições, examinar as propostas encaminhadas pelas instituições financeiras controladoras dos fundos que pretendem receber os recursos da União.
Carlos Fehlberg - Política para Políticos