Um dos articuladores da campanha da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), José Dirceu avisa que, mantida a candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) à Presidência, o PT terá de romper alianças estaduais com o PSB. "Ela não pode ficar sem palanques nos Estados", justifica o ex-ministro.
A acomodação das alianças nos Estados foi objeto de uma conversa entre o presidente Lula, Ciro e Cid Gomes, governador do Ceará, há dez dias, em Fortaleza. Na ocasião, Cid defendeu a candidatura de Ciro como estratégica e negou qualquer constrangimento em abrigar Dilma no seu palanque.
"O próprio presidente lembrou que não teve problema algum em contar com dois candidatos em Pernambuco [na eleição passada]", conta Cid.
Reafirmando a disposição de concorrer, Ciro minimiza riscos que a ameaça traz à sua candidatura. Em Pernambuco, a candidatura do PT poderia debilitar a do governador Eduardo Campos, presidente nacional do PSB. Na quarta-feira passada, Ciro disse ao partido que, se dependesse dele, não transferiria o domicílio eleitoral para São Paulo, o que possibilitaria sua candidatura ao governo paulista. Mas deixou a decisão a cargo do PSB.
Segundo o líder do PSB no Senado, Renato Casagrande (ES), a candidatura à Presidência ganha força no partido, mas a "tendência" é que transfira o domicílio para São Paulo.
Questionado se concorreria ao governo paulista a pedido do partido, Ciro admite: "Sim. Sou disciplinado".
A candidatura de Ciro à Presidência exigirá um rearranjo até com o PSDB. Segundo o líder do PSB na Câmara, Rodrigo Rollemberg (DF), o partido costura alianças com o tucanato em Estados como a Paraíba, onde o PT está dividido entre PMDB e PSB, enquanto parte do PSDB defende aliança com o prefeito Ricardo Coutinho, que é do PSB.
Folha de São Paulo - DA REPORTAGEM LOCAL