Déda e Wagner poderão ter dificuldades para se reeleger.
Déda está empatado tecnicamente com o ex-governador João Alves, do DEM.
Aliança com PMDB no plano nacional ameaça esvaziar candidaturas regionais; preço do apoio divide petistas
BRASÍLIA. Preocupado em consolidar o nome da ministra Dilma Rousseff para a própria sucessão e, diante do preço imposto pelo PMDB para apoiá-la numa aliança formal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva relegou a segundo plano as disputas do PT nos estados. O partido, que elegeu em 2006 cinco governadores, tem até agora quatro candidatos considerados competitivos: Tião Viana, no Acre; Tarso Genro, no Rio Grande do Sul; Marcelo Déda, em Sergipe; e Jaques Wagner, na Bahia.
Só Tião Viana é considerado favorito. Se as previsões se concretizarem, o senador terá chances de dar continuidade aos 12 anos de gestão petista no Acre, iniciada com seu irmão, o ex-governador Jorge Viana, que disputará vaga para o Senado.
Déda e Wagner poderão ter dificuldades para se reeleger.
Déda está empatado tecnicamente com o ex-governador João Alves, do DEM. Wagner corre risco se for irreversível o rompimento da aliança no estado com o PMDB, que deve lançar o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima. A avaliação é que Geddel só não será candidato se o ex-governador Paulo Souto, do DEM, deslanchar nas pesquisas. Aí Geddel poderá optar pelo Senado.
Nos demais estados, a situação do PT está mais complicada.
No Pará, a governadora Ana Júlia Carepa perdeu o apoio de Jader Barbalho (PMDB). O PT não tem candidato definido no Rio, em São Paulo e em Minas.
A estratégia tem o apoio não só do atual presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), como também de um dos candidatos à sua sucessão, o ex-senador José Eduardo Dutra.
— Quem quer governar o país tem que fazer alianças, e a aliança não é só para governar, é para disputar. O PT tem que ouvir os outros partidos — observa Berzoini.
DILMA: PMDB quer ministra mais envolvida nas articulações políticas Roberto Stuckert Filho/31-8-2009 — No Rio, o PT tem de marchar com o governador Sérgio Cabral. Temos como meta principal garantir uma aliança nacional para sustentar a candidatura da ministra Dilma. A lógica estadual não pode se sobrepor à lógica nacional — emenda Dutra.
Sem candidato natural em São Paulo, Lula vinha estimulando o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) a se lançar ao governo paulista. Se a ideia não vingar, o PT deverá buscar outro nome. Em Minas, o PT, dividido entre o ex-prefeito Fernando Pimentel e o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, ainda poderá se indispor com o PMDB do ministro das Comunicações, Hélio Costa.
— Não está clara qual a estratégia que vai render mais votos na eleição nacional — pondera Pimentel: — Mas são remotas as chances de o PT ficar sem candidato em Minas.
“Isso é política sem pé nem cabeça”, diz deputada Iriny Candidato à presidência do PT, o deputado Geraldo Magela (DF) diz que a coalizão deve ser preservada, mas que o partido deve pensar em si mesmo: — Defendo a manutenção da coalizão que dá sustentação ao governo, mas não a qualquer custo. Aliança só é boa quando todos têm interesses preservados.
O preço de estar com o PMDB não pode anular o PT.
A deputada Iriny Lopes (ES) — também candidata à presidência do PT — considera precipitado que o partido, desde já, anuncie que poderá abrir mão de candidaturas regionais. E cita como exemplo o caso do prefeito de Vitória, o petista João Coser, que, mesmo com chances, recusou a indicação para disputar o governo do Espírito Santo para apoiar o candidato do PMDB, Ricardo Ferraço.
— Não é assim que se faz.
Acaba sendo um toma-lá-dá-cá, em vez de ser algo em torno de um programa, de ideias. Isso é política sem pé nem cabeça
Adriana Vasconcelos e Isabel Braga - O GLOBO
Foto: Arquivo