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PT quer deixar de ficar refém

14/9/2009

Partido pretende aumentar a bancada de senadores por acreditar que assim pode ficar menos dependente do PMDB e para evitar novas derrotas na Casa, como na prorrogação da CPMF em 2007

O PT quer dobrar a bancada de senadores na eleição do ano que vem, quando dois terços das 81 vagas na Casa estarão em disputa. O partido ocupa hoje apenas 10 cadeiras no Senado, o que deixa o governo refém da base aliada, em especial do PMDB, que tem 19 senadores. Candidato da corrente do presidente Lula (Construindo um novo Brasil) à presidência nacional do PT na eleição interna que acontece em novembro, José Eduardo Dutra defende que o partido não concentre esforços apenas na tentativa de eleger a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Para ele, é importante também pensar na governabilidade de um eventual terceiro mandato petista. “É fato que o principal problema de Lula no Congresso Nacional nestes oito anos foi a bancada do Senado. Não só pelo pequeno número de senadores do PT, mas pelo fato de alguns senadores de partidos da base aliada raramente votarem com o governo”, lembra.

Entre as muitas derrotas no Senado, o presidente Lula não esquece o fracasso, em 2007, na tentativa de prorrogar a Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira (CPMF) até 2011, o que causou um prejuízo anual na arrecadação de R$ 40 bilhões. No primeiro mandato, um dos golpes mais sentidos foi em 2004, quando o Senado aprovou o salário mínimo de R$ 275, contra o valor de R$ 260 defendido pelo governo. “O processo de tentar construir uma maioria para Dilma no Senado, com senadores do PT e da base aliada que realmente sejam comprometidos com o projeto, é tão ou mais importante que ganhar governos de estado”, argumenta Dutra.

Vice-líder do governo, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) também defende a estratégia de dar mais atenção à eleição de senadores. “Temos de ter mais votos do PT dentro do Senado. Não dá para contar com a base aliada, que na hora das votações mais importantes se dilui”, reclama. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) defende a ampliação da bancada como forma de o governo ser mais independente. “Só com uma bancada do PT mais forte, o governo poderá deixar de pedir votos em troca de nomeações para cargos no ministério ou nas estatais”, critica. Delcídio vai além, lembrando que é preciso pensar também na hipótese, admitida por poucos petistas, de Dilma perder a eleição. “Todo mundo só pensa em vitória. Mas é preciso pensar no osso. Se perdermos, temos de fazer o contraponto, para voltar quatro anos depois”, admitiu.

Da bancada atual de 10 senadores, apenas dois petistas têm garantidos mais quatro anos de mandato: Eduardo Suplicy (SP) e Tião Viana (AC). O suplente João Pedro (AM) também pode ficar até 2015, se o titular da vaga, o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, ganhar a disputa pelo governo do Amazonas. O partido faz as contas e acredita que pode reeleger três senadores – Delcídio Amaral (MS), Aloizio Mercadante (SP) e Paulo Paim (RS) – e eleger 13 novos nomes na Casa, como o ex-prefeito de Recife João Paulo e a mulher do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, Gleisi Hoffmann, no Paraná.

Em 2006, ela encostou no veterano senador Álvaro Dias (PSDB), que acabou conquistando a única vaga em disputa por 50,51% a 45,14% dos votos válidos. O partido está preocupado também em substituir senadores que tentarão a eleição para governador. É o caso de Rondônia, onde o deputado federal Eduardo Valverde deve disputar a vaga do Senado já que a senadora Fátima Cleide vai tentar a eleição para o governo, e em Santa Catarina, onde a senadora Ideli Salvatti deve ser candidata ao governo e o deputado federal Cláudio Vinhati vai tentar o Senado.

Estratégia em Minas
Nas duas últimas eleições, o PT privilegiou as alianças estaduais para garantir um palanque forte para o presidente Lula, deixando de lado a disputa pelo Senado. Foi o que aconteceu em Minas, onde concentrou esforços na campanha do PMDB, em 2002, carregando votos para a campanha vitoriosa de Hélio Costa (PMDB) ao Senado, em detrimento de Tilden Santiago (então filiado ao PT). Quatro anos depois, nem sequer lançou candidatura própria, tendo como candidato único a senador pela coligação o ex-governador Newton Cardoso (PMDB), derrotado por Eliseu Resende (DEM).

 

O processo de tentar construir uma maioria para Dilma no Senado, com senadores do PT e da base aliada que realmente sejam comprometidos com o projeto, é tão ou mais importante que ganhar governos de estados”
José Eduardo Dutra,candidato a presidente do PT

 

O número
10
Número de senadores que o Partidos dos Trabalhadores tem atualmente


O número
19
Quantidade de cadeiras no Senado que a legenda pretende conquistar

 

Patrícia Aranha - Correio Braziliense

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