Uma série de atividades políticas, sociais e culturais está acontecendo no mês de novembro em praticamente todo o país para marcar a Semana da Consciência Negra, que tem como ápice o dia 20, data da morte de Zumbi, símbolo nacional da resistência do negro à escravidão.
Esse evento, no entanto, não é apenas um período alusivo ao rei do Quilombo dos Palmares. Trata-se de uma grande discussão aberta, na qual toda a sociedade, independentemente de credo, classe social ou etnia, é convidada a refletir sobre as dificuldades sociais enfrentadas pelo povo negro brasileiro, desde quando seus ancestrais foram trazidos à força da África em navios negreiros para serem escravizados, até os dias de hoje.
Esse difícil passado, não muito distante, refletiu de forma negativa nos indicadores econômicos e sociais dos afrodescendentes, que expressam com clareza as desigualdades, principalmente no mercado de trabalho. Isso sem falarmos em direitos básicos como saúde e educação, aos quais a população negra tem menor acesso. Com muito esforço, essa realidade vem sendo mudada através dos movimentos negros organizados e da comunidade negra em geral, que lutam por políticas públicas de inclusão social e de combate ao racismo.
Mas ainda tem muito a ser feito por esse povo, que ao longo da sua trajetória vem mostrando que só precisa de oportunidade e de respeito. E um dos caminhos é, sem dúvida, a promoção do debate franco e democrático sobre a histórica discriminação racial contra o negro no Brasil e seus trágicos desdobramentos. A reflexão, a troca de ideias e de informação acerca desse assunto é uma das melhores ferramentas para o encaminhamento de soluções ao problema, que alguns insistem em dizer que não existe.
A Semana da Consciência Negra é, portanto, o momento em que todos aqueles que acreditam no respeito às diferenças, na liberdade e na justiça se unem para abordar as causas e consequências do preconceito. É quando o poder público e a sociedade debatem, juntos, alternativas de inclusão social da população negra, mesmo que isso gere conflito de opiniões sobre essa ou aquela política adotada para atingir esse objetivo. A criação nacional de uma semana para pensar sobre a situação atual do negro e suas perspectivas sociais é a prova cabal do quanto esta causa deve ser abraçada não apenas pela comunidade negra, mas, por todos nós brasileiros.
*Vereador em Porto Alegre (PDT)
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