Tecnologia à indústria brasileira marca novo momento nas relações com a França
Brasil e França divulgaram ontem um comunicado em conjunto para confirmar acordo de cooperação militar entre os dois países que fornecerá tecnologia à indústria brasileira e tem como foco o mercado na América Latina. O entendimento prevê que o Brasil comprará da França 36 aviões de combate Rafale e 50 helicópteros. Já a França, vai adquirir dez aviões de transporte militar KC-390, que serão fabricados pela Embraer.
Mesmo demonstrando a preferência pelos caças Rafale, o governo brasileiro sinalizou que ainda negocia uma redução do preço cobrado pelos franceses. Lula disse que Brasil e França consolidaram ontem uma "parceira estratégia entre dois povos que têm muita coisa em comum". Na opinião do presidente brasileiro, a França e o Brasil não querem apenas vender aeronaves, mas "pensar juntos, criar juntos, construir juntos e, se for possível, vender muito juntos".
E ainda valorizou o acordo, que permitirá ao Brasil fabricar e vender as aeronaves a outros países da América Latina. Ele explicou a compra dos aviões de caça com o argumento de que o Brasil precisa reforçar o controle de suas fronteiras, especialmente na Amazônia. "Vamos produzir equipamentos que reforçarão a capacidade tecnológica do Brasil para proteger e fortalecer suas riquezas naturais. Esse é um componente essencial da estratégia de defesa que meu país aprovou. Queremos preservar o continente como zona de paz. O Brasil aposta em projeto regional de defesa para a integração e o desenvolvimento", afirmou.
Objetivos
Ao discursar ao lado de Sarkozy, o presidente disse que o Brasil é um país que "prima pela paz", mas deve preservar suas fronteiras diretas, incluindo até o pré-sal. "Deve sempre passar pela nossa cabeça a ideia de que o petróleo já foi motivo de muitas guerras, muitos conflitos. Não queremos nem guerra nem conflito. O Brasil vê oportunidade do pré-sal como oportunidade de daqui a 10 ou 15 anos se transformar em grande economia mundial", afirmou o Presidente.
Mais vantagens
Os acordos também fixam as bases para a construção de cinco submarinos, um deles de propulsão nuclear, e 50 helicópteros do modelo EC-725, da empresa Eurocopter, filial do grupo europeu EADS, que serão adquiridos em sua totalidade pelo Brasil.
Através dos convênios, os navios e helicópteros serão construídos no Brasil, que assim obterá toda a tecnologia, exceto a nuclear, e as fábricas que serão erguidas com esse fim serão responsáveis pelas futuras vendas a outros países latino-americanos.
Em resumo: além de enfatizar a abertura das negociações para a compra, pelo governo brasileiro, de 36 caças franceses Rafale, o comunicado divulgado, assinalou a intenção do governo francês de comprar 10 aviões de transporte militar brasileiros KC-390. A disposição assinala o compromisso entre os dois países para o desenvolvimento de uma parceria na indústria aeronáutica.
Acordo
O acordo entre o governo francês e o brasileiro foi finalizado, depois que Lula jantou com Sarkosy no Palácio da Alvorada. Ministros e técnicos dos dois países continuaram reunidos para definir os termos do acordo, que inclui a troca de tecnologia entre França e Brasil para a manutenção e futura produção das aeronaves.
Rumos da negociação
Caberá ao comandante da Aeronáutica e ao ministro Nelson Jobim negociar os termos financeiros da operação de compra e venda das aeronaves. "Nós decidimos começar as negociações para a compra do Rafale. Eu não sei o total ainda. Esta semana estarei discutindo pormenores com comandante da Aeronáutica e o ministro Jobim, porque eles vão ter que viajar e discutir esses assuntos", afirmou Lula.
Carlos Fehlberg - ABC Político