A Justiça determinou a retirada de circulação de um guia turístico que vende a imagem do Rio de Janeiro como um paraíso de exploração sexual. A liminar do Tribunal Regional Federal da 2ª Região atende a uma ação movida pela AGU (Advocacia Geral da União) e prevê o recolhimento imediato da revista “Rio for Partiers” (Rio para festeiros), que qualifica as mulheres cariocas como “máquinas de sexo”.
O pedido de recolhimento partiu do Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo), que mostrou preocupação com o incentivo ao turismo sexual na cidade, além de apontar uma exposição vergonhosa do Brasil frente aos demais países.
A desembargadora Salete Maccaloz concordou na decisão (leia aqui) que o guia expõe o Brasil a uma "situação vexatória" e "ajuda a promover o tursimo sexual tão combatido pelas políticas governamentais". A magistrada ainda compara a revista aos cartões postais do Rio de Janeiro que só mostram mulheres de biquíni —cuja venda também é proibida.
Em nota publicada em seu site (leia íntegra aqui), a editora Solcat, responsável pela publicação, contesta a decisão da desembargadora e diz que ela não deve ter tido acesso a todo o processo.
"Quem sabe ler em inglês e não está somente dependendo de traduções avulsas, viu que o livro não faz nada contra a lei, e sim mostra o lado divertido, bonito, cultural do Rio, do jeito que eu, o autor, sempre quis mostrar para o resto do mundo: como a melhor cidade desse planeta", diz Cristiano Nogueira, autor do guia.
A publicação define o carnaval como “festas ao ar livre com atividades de semi-orgia” e indica locais propícios para os turistas que procuram sexo no Rio. Segundo a revista, as cariocas podem ser classificadas em quatro tipos. As “popozudas”, por exemplo, seriam um bom investimento, já que “o motel é sempre uma possibilidade com essas maravilhas”.
De acordo com a decisão, a Editora Solcat, que produz o guia, deverá retirá-lo de circulação e remover seu conteúdo da Internet, sob pena de multa diária de R$ 10 mil. Segundo a AGU, a decisão poderá ser revista apenas na ocasião do julgamento definitivo do processo.
"Pelo teor da publicação, restam violados os princípios da Política Nacional de Turismo e um dos fundamentos do próprio Estado Democrático de Direito —a dignidade da pessoa humana, tendo em vista a exposição vexatória do povo brasileiro com o intuito de promover a exploração sexual", diz a defesa elaborada pelo procurador federal Marco di Iulio.
Estereótipos
Além das “popozudas”, as cariocas são classificadas como “Britney Spears”, “hippie/raver” e “Balzac”. As “Britneys” seriam as filhinhas de papai, que se vestem como a cantora, mas não deixam ninguém cantá-las. “Pode esquecê-las a menos que seja apresentado a uma”.
Já as “hippies/ravers” são “garotas divertidas, fáceis de se aproximar, fáceis de conversar, difíceis de beijar, fáceis de ir para a balada”. A “Balzac” é a mulher que “quer se divertir, dançar, beber e beijar”. O guia sugere tratá-la “como uma dama, que elas te tratarão como um rei, talvez não hoje à noite, mas amanhã com certeza”.
Fonte: Última Instância
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