Deputado admite que partido se confunde com o governo e precisa de identidade
Falando da necessidade de se ter um PT cada vez mais de esquerda, o deputado federal Iran Barbosa (PT) anunciou, na tarde de hoje, segunda-feira, dia 17, que disputará a eleição para a presidência da Executiva Estadual do PT, no próximo mês de novembro. Provavelmente contra o vice-prefeito de Aracaju, Silvio Santos, o candidato do governador Marcelo Déda. A entrevista coletiva foi na sede do partido, na rua Ivo do Prado.
Iran Barbosa admite que seu grupo - a Articulação de Esquerda - é minoria dentro do partido, mas entende que existe a necessidade de tentar resgatar a identidade do partido, que segundo ele, não pode ser confundido com o governo, pelo fato de o governador ser do PT.
"O PT tem o papel de continuar dialogando com a sociedade, no que diz respeito a tencionar para que o projeto de mudanças se efetive com mais propriedade cada vez mais. O partido precisa dialogar mais com governo. Com o povo. Temos que contribuir sendo massa crítica nos momentos em que, por ventura, o governo tenda a desviar dos caminhos do projeto de mudanças", disse Iran.
Iran entende ainda que o partido precisa cobrar do governo mais atenção aos reclames da população. O parlamentar observou que o partido precisa ser a voz dos trabalhadores, dialogando com a sociedade sobre os interesses destes trabalhadores. Iran entende ainda que a legenda precisa conquistar seu espaço.
"Não estou falando em espaço de estrutura e cargos, mas espaço para os debates políticos sobre a condição dos destinos políticos do nosso governo. Este governo foi instituído com muito trabalho pelos petistas históricos. Sabemos que é um governo de coalizão, fazemos parte desta coalizão, mas temos diferenças. E precisamos deixar bem claro estas diferenças. Por isso, entendemos que não poderíamos nos afastar da disputa interna", explicou.
De acordo com Iran, os militantes da Articulação de Esquerda entendem que não basta apenas ganhar a eleição: é preciso também transformar o espaço conquistado na eleição num espaço que sirva para que seja possível dar passos significativos rumos à transformação que os trabalhadores acreditam.
"É preciso ousar. Modificar as estruturas da sociedade, e isso exige medidas que a gente quer discutir tanto no nosso partido como junto à sociedade. É por isso que apresentamos a nossa candidatura. Sabemos que somos minoria. E isso tem conseqüência numa eleição. Mas, para nos, é fundamental mantermos acesa a chama da disputa interna do nosso partido", disse Iran, assegurando que o diálogo interno continuará. O deputado usou com exemplo de discordância do seu grupo com o governo a criação das fundações da saúde.
Indagado sobre a participação dos irmãos Edvan e Eduardo Amorim, leia-se PR e PSC, no conselho político liderado pelo governador Marcelo Déda, Iran disse que o modelo de política que o grupo representa não tem afinação com a Articulação de Esquerda.
"Trabalhamos para que esse governo tenha sucesso, mas o PT não é sozinho. Há diferenças e contradições. E o PT precisa refletir isso e encaminhar as questões dentro dos princípios partidários", disse, salientando haver confusão em Sergipe com o que é governo, partido e até sindicato.
"E essas confusões não ajudam a educar politicamente a população. Precisamos dizer à sociedade que essas diferenças existem. Que o PT é o governo, mas que não está sozinho", explicou, observando a necessidade de ser preciso separar o que é ser de oposição do que é ser de esquerda.
Da redação do Universo Polítco.com - Por Joedson Telles