A morte de uma mulher de 29 anos, logo após dar à luz, no final do mês passado, denunciada por funcionários como um possível caso de negligência médica, põe em xeque a qualidade no atendimento na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, em Aracaju. Eles denunciam ainda que falta organização na única maternidade de atendimento a gestantes de alto risco do Estado, resultado, segundo esses servidores, da falta de pulso forte de quem a gerencia. “É preciso que as autoridades da Saúde abram o olho para a Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, porque está faltando organização. A coisa lá não anda porque existem médicos que fazem o que querem, e a direção está totalmente alheia”, afirmou um funcionário da maternidade, que preferiu não se identificar, para não sofrer represálias.
Segundo uma funcionária, o que aconteceu na noite que a jovem faleceu, no dia 29 do mês passado, foi falta de compromisso dos médicos que estavam de plantão. “Ela estava com uma irmã acompanhando, mas chamavam os médicos e eles não vinham. No dia em que ela morreu, não tinha anestesista no plantão. Infelizmente existem alguns médicos descompromissados, que trabalham em vários locais e quando chegam aqui querem descansar. Os funcionários é que estão sofrendo as consequências disso, diante de tantas reclamações”, relatou. Ela acrescentou que muitas pacientes que procuram a maternidade têm sido dispensadas ou encaminhadas para outra.
Procurada pela reportagem do JORNAL DA CIDADE, a Assessoria de Comunicação da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes classificou as denúncias como vazias, com o objetivo apenas de atingir a direção, principalmente nesse momento em que a unidade de saúde vive um momento delicado, pela implantação da fundação estatal de saúde, quando os servidores terão que ser demitidos. “O diretor está sempre presente. E se existe alguma questão relacionada à qualidade no atendimento médico é uma questão que tem que ser resolvida internamente.
Problemas existem, sempre existiram e existirão. O que não pode é classificar todos os médicos pelo comportamento de alguns poucos”, disse a assessora Elizabeth Oliveira.
Com relação à morte da paciente de 29 anos, no final do mês de julho, a informação é que o caso está sendo investigado através de uma auditoria interna, mas, a princípio, adiantou que ela recebeu atendimento obstétrico e que existia anestesista de plantão. A jovem, que sofria de hipertensão, teria falecido porque a doença evoluiu muito rápido para a Síndrome de Hellp, uma complicação obstétrica com risco de vida, sendo considerada por muitos uma variação da pré-eclâmpsia. “Mas tudo está sendo investigado, para apurar se houve ou não responsabilidade médica no óbito da paciente, mas ela teve atendimento da equipe médica”, afirmou.
Construída para atender pacientes de alto risco, a Maternidade Nossa Senhora de Lourdes tem, cada vez mais, sido procurada por pacientes, principalmente vindas do interior, para ser o local onde darão à luz. A explicação é simples: apesar dos problemas, a maternidade possui instalações físicas mais adequadas e equipamentos novos. Diariamente, dezenas de mulheres sem histórico de gravidez de risco buscam atendimento, mas nem sempre são atendidas e acabam sendo dispensadas ou encaminhadas para a Maternidade Santa Isabel.
“As pacientes que vêm do interior já passam primeiro aqui e quando não é caso de alto risco encaminhamos para a Santa Isabel, mas elas não se conformam e entram em desespero. Mas não podemos atender a todas, porque senão, quando tivermos um paciente de alto risco, não vamos ter leitos suficientes”, explicou a assessora de Comunicação. Atualmente, a Maternidade Nossa Senhora de Lourdes dispõe de 80 enfermarias, divididas em três alas, e 50 leitos de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin).
Fonte: Jornal da Cidade
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