Os 140 agentes de segurança do Centro de Atendimento ao Menor (Cenam) entraram em greve, ontem, por tempo indeterminado até que o Governo do Estado convide os representantes da categoria para negociar. Articulados através do sindicato, eles querem um reajuste salarial de 47% para o ano base de 2010, além de melhores condições de trabalho. Com a paralisação estarão suspensas as visitas dos familiares aos menores internos nas quatro unidades: Cenam, Usip, semi-liberdade e feminino que, juntas, abrigam cerca de 180 pessoas. No primeiro dia de mobilização, a Companhia de Choque da Polícia Militar estava de prontidão em frente ao Cenam.
O presidente da Associação dos Agentes de Segurança e Medidas Sócio-Educativa, Eziel Rodrigues, explicou que há uma disparidade muito grande entre os salários de outros funcionários que cuidam da segurança e eles. Em 2007, os agentes de segurança ganhavam R$ 384, um policial militar R$ 380 e um agente penitenciário e policial civil R$ 382,50. Hoje, um policial militar recebe R$ 1.875,00, um policial civil R$ 2.500, um agente penitenciário R$ 2 mil e os agentes de segurança apenas R$ 471.
“Os menores quando saem daqui vão para a penitenciária. É o mesmo público alvo, por isso queremos receber de acordo com o nosso trabalho”, defendeu Eziel. Ele diz que, hoje, o Cenam não recupera nenhum menor, pois não há critério no internamento. Para completar, ainda há superlotação. Nos cubículos, que deveriam abrigar dois meninos, ficam quatro ou cinco, disse Eziel. O presidente da Força Sindical, William Roberto Arditti, acrescentou que no Cenam os menores “fazem doutorado em marginalização. Aqui [o Cenam] forma verdadeiros marginais. Um menino sai daqui pior do que entrou”.
Os agentes de segurança só voltam ao trabalho depois de um diálogo com o governo do Estado. Na próxima segunda-feira, eles vão para a Assembleia Legislativa pedir o apoio dos deputados e depois seguem para a Secretaria de Inclusão Social a qual estão subordinados.
Texto: Antonio Carlos Garcia
Fonte: Jornal da Cidade
|