Após prisão na Coreia do Norte, jornalistas americanas se emocionam na volta aos EUA
SEUL - As duas jornalistas americanas Laura Ling e Euna Lee desembarcaram nesta quarta-feira em Los Angeles, 140 dias após serem detidas pela Coreia do Norte. Elas chegaram ao lado do ex-presidente Bill Clinton e foram recebidas por parentes e autoridades, entre elas o ex-vice-presidente Al Gore.
Ling levantou os braços quando as duas desceram do avião para um encontro cheio de lágrimas com suas famílias no hangar do aeroporto. Ela fez um pronunciamento ainda no aeroporto, afirmando que as duas não sabiam da presença de Clinton no país até encontrarem com ele. Ela agradeceu às autoridades, aos amigos e americanos pelos esforços dos últimos meses.
"Sabíamos que o pesadelo de nossas vidas havia finalmente chegado ao fim"
- Sabíamos que o pesadelo de nossas vidas havia finalmente chegado ao fim - disse ela a jornalistas.
Clinton foi recebido com fortes aplausos e um abraço de Gore.
"O presidente (Barack) Obama e um número incontável de pessoas de seu governo estiveram profundamente envolvidos", disse Gore.
Logo após o emocionante encontro de Ling, Lee e seus parentes, o presidente americano, Barack Obama, se pronunciou, agradecendo os esforços de Clinton e Al Gore pela libertação das americanas.
- Quero agradecer ao presidente Clinton - já tive a oportunidade de falar com ele - pelo extraordinário esforço humanitário que resultou na libertação das duas jornalistas - disse Obama.
Clinton deixou na terça-feira a Coreia do Norte com duas jornalistas libertadas pelo líder norte-coreano Kim Jong-il, que lhes concedeu um perdão especial .
O governo de Barack Obama insistiu na terça-feira que não ofereceu concessões à Coreia do Norte em sua disputa nuclear com o Ocidente em troca da libertação de duas jornalistas americanas ao ex-presidente Bill Clinton.
Uma autoriadade americana, sem entrar em detalhes, disse que Clinton não falou com líderes da Coreia do Norte sobre "coisas positivas" que poderiam levar à libertação das duas mulheres que estavam detidas em Pyongyang desde março.
Clinton é a maior autoridade americana que visita a Coreia do Norte desde que foi presidente há uma década, mas colaboradores do dirigente Barack Obama rejeitaram qualquer insinuação de que tenha sido aberto um canal diplomático com Pyongyang.
Analistas advertiram que Obama, no cargo desde janeiro, enfrenta a arriscada tarefa de tentar convencer o empobrecido Estado a renunciar ao seu sonho de se tornar uma potência nuclear sem que seja visto como um prêmio a suas reiteradas posições.
O governo do presidente dos EUA, Barack Obama, fez questão de chamar a missão de "privada e humanitária", mas, segundo analistas internacionais, a visita abre uma brecha diplomática direta inédita com Pyongyang, depois de anos de confrontos e conversas multilaterais.
Segundo assessores ligados ao ex-presidente, a missão vinha sendo negociada desde a prisão das duas jornalistas. O regime norte-coreano deixou claro que, se uma missão de alto nível fosse enviada ao país - primeiro, o próprio Al Gore tentou chefiar a viagem, mas seu nome foi recusado por Pyongyang - Kim Jong-il poderia perdoar as jornalistas.
Mais cedo, a agência estatal norte-coreana havia informado que Clinton foi recebido pelo vice-ministro de Relações Exteriores, Kim Kye Gwan e por outras autoridades do país.
Euna Lee e Laura Ling foram presas em março depois de supostamente terem cruzado a fronteira da Coreia do Norte com a China. Elas foram condenadas a 12 anos de trabalho forçado por "atos hostis" e por terem entrado ilegalmente no país.
As duas estavam fazendo pesquisas para uma matéria sobre refugiados quando foram presas.
A relação entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos ficou tensa principalmente após os testes com mísseis realizados por Pyongyang.
O Globo