Quarenta e quatro pessoas morreram - de janeiro a junho deste ano em Aracaju - vítimas de acidentes de trânsito. Foram em consequência de atropelamento, a exemplo de uma adolescente de 16 anos de idade que estava na faixa de pedestres, no conjunto Augusto Franco. Outras foram vítimas de colisões, em 15 delas houve envolvimento de motos. A maioria das vítimas era homem com idade média de 30 anos. No mesmo período do ano passado, o órgão municipal registrou 32 mortes – em decorrência dos mesmos motivos -, 13 delas de motociclistas. Esses são dados da Coordenadoria de Educação da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito de Aracaju (Smtt). Dos 15 que faleceram por estar em moto – como condutor ou carona – 12 eram do sexo masculino e três deles faziam o serviço de mototaxista, como declararam os familiares.
“Sabemos que esse número é bem maior, mas as pessoas ainda não assumem que seus parentes exerciam como profissão o transporte de passageiros em moto, até porque essa era, até a sanção da Lei pelo presidente da República, uma atividade ilegal”, comentou Rita Luz, psicóloga da coordenação e que tem dentre suas atribuições prestar o acompanhamento, dar o acolhimento aos parentes das vítimas fatais em acidentes de trânsito. “Fazemos esse tipo de ação porque a perda de um ente querido num acidente é algo muito mais doloroso, é algo muito de repente e as pessoas não estavam preparadas para aquilo, como de certa forma acontece quando a morte vem em consequência de uma doença”, falou.
De acordo com Rita, os dados da SMTT apontam para três situações distintas. A primeira é que pedestres estão morrendo cada vez mais no trânsito, o que justifica perfeitamente, segundo ela, a campanha ‘Calçada Livre’, da prefeitura da capital. “A calçada é o único local onde os pedestres podem andar de maneira segura, por isso, não é justo que seja ocupada por veículos”, frisou, usando ainda como base para esse argumento o crescimento da frota aracajuana. Em junho de 2008 havia na capital 163.324 veículos, sendo 32.850 motocicletas. No mesmo período de 2009 já eram 173.222 veículos, um aumento de 6%, sendo 37.907 motos – incluindo as do tipo biz - e sem contar as inferiores a 50 cilindradas – Shineray – que não precisam ser registradas no Detran/SE.
A segunda situação mostra que a campanha dos 60 quilômetros surtiu efeito, já que os
condutores de veículos aderiram à proposta, e prova disso foram apenas três mortes
causadas por colisões entre carros. O terceiro ponto mostra que é preciso, de maneira urgente, encontrar mecanismos para disciplinar ainda mais o uso das motocicletas e maneiras de educar seus condutores, já que a maior parte desses usuários não respeita o que dita o Código Brasileiro de Trânsito. “Não usam os equipamentos de proteção, como capacetes, bota, calça e blusão; avançam sinal vermelho; fazem zigue-zague na avenida e não respeitam a faixa de pedestre”, comentou a psicóloga, que é favorável à criação de alguma determinação legal que transforme a moto num veículo individual, ou seja, sem a permissão para transportar o carona.
Rita Luz lembrou que o desrespeito à faixa vitimou fatalmente uma senhora com pouco mais de 60 anos de idade. O causador do acidente foi um jovem com 17 anos de idade, que conduzia uma Shineray. Esse é outro problema que vem crescendo na capital, de acordo com a psicóloga.
Segundo ela é crescente o número de jovem com idade inferior aos 18 anos de idade conduzindo esses ciclomotores, que são dados pelos pais como brinquedos aos filhos, e muitos com a desculpa de que vai facilitar a ida dos jovens à escola.
“Estão entregando um veículo para gente despreparada, que não sabe como se portar no trânsito até porque não foram educados, não receberam instrução para tanto. Ao contrário do que muita gente pensa, para pilotar esses ciclomotores é preciso ter documento de habilitação e utilizar o equipamento de proteção exigido pela Lei”, esclareceu a psicóloga da Coordenação de Educação da SMTT, Rita Luz.
Texto: Andréa Moura
Fonte: Jornal da Cidade
|