Arthur Virgílio poderá representar contra líder do PMDB no Conselho
O líder do PSDB, Arthur Virgílio, considera a retaliação do líder do PMDB, Renan Calheiros, contra ele como quebra de decoro parlamentar. E, por isso, anunciou que o seu Partido entrará no Conselho de Ética com uma representação. O motivo seria a ameaça do peemedebista de denunciá-lo ao colegiado em resposta pelas três reclamações do PSDB contra o presidente do Senado, José Sarney e seis denúncias assinadas pelo líder tucano. Virgílio já encomendou uma representação aos técnicos.
“Essa é uma atuação típica da Camorra, da máfia napolitana. Se tivesse roubado ou matado entenderia uma retaliação, mas o que ele quis foi comprar o meu silêncio, uma ação que em si só já é quebra de decoro parlamentar”, disse o líder tucano.
Virgílio destacou o fato de que Calheiros já foi investigado no Conselho de Ética há dois anos. O peemedebista foi condenado pelo colegiado em duas oportunidades, sendo absolvido depois em plenário. “Quem está falando em me levar ao Conselho é o senador que outro dia teve que deixar a Presidência do Senado para não ser cassado. O que ele faz é chantagem”.
E além de confirmar que continuará apresentando denúncias contra Sarney sempre que julgar necessário, o líder do PSDB disse que irá devolver R$ 210 mil aos cofres do Senado por ter mantido empregado em seu gabinete um funcionário que ficou durante um ano e meio fazendo um curso na França. “Vivo tão preocupado com política que nem levei em conta quando falaram do curso. Foi um equívoco e irei devolver todos os recursos”. Ele já depositou R$ 60 mil e pagará o restante em mais três parcelas. “Fui eu quem procurou o Senado e pedi para encontrarem uma fórmula de devolver”.
11 ações contra Sarney
O Conselho de Ética recebeu ao todo, até agora, 11 ações contra Sarney. São cinco representações: duas do PSOL e três do PSDB; e seis denúncias: quatro do líder tucano Arthur Virgílio e duas assinadas em conjunto por Virgílio e pelo senador Cristovam Buarque.
Sobre a postura de José Sarney de não renunciar ou se afastar da presidência, o líder tucano diz que "isso (renúncia ou afastamento de Sarney) já não é problema meu. O Renan também dizia a mesma coisa. O Renan tem medo de ser o próximo (a ser denunciado no Conselho de Ética).”
Tasso sai em defesa
O senador Tasso Jereissati saiu, ontem, em defesa do colega tucano senador Arthur Virgílio acusado de ter recebido um empréstimo do ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia, de manter um funcionário fantasma em seu gabinete e de ter ultrapassado limites com gastos de saúde. Tasso reagiu à ameaça do PMDB de entrar com processos contra Virgílio. De acordo com ele, foi montada no Senado uma "tropa da baixaria incumbida de defender irregularidades a qualquer custo".
Segundo Tasso, "com certeza, a coisa vai esquentar a partir de terça-feira", quando o Conselho de Ética vai analisar os processos que pedem a abertura de processo de cassação do mandato do presidente da Casa, senador José Sarney. "Não sei quando, mas daí tem que sair um Senado melhor. No Senado hoje, infelizmente, além de todas essas irregularidades, foi montada uma tropa da baixaria para defender essas irregularidades a qualquer custo. Não é um ambiente educativo o que está acontecendo lá dentro hoje", afirmou o senador.
Tasso também criticou a postura de Sarney diante das acusações que pesam contra ele, comparando-o ao ex-presidente da Casa, Renan Calheiros. "O presidente Sarney pode estar cometendo o mesmo erro que o Renan cometeu quando, ao invés de defender, justificar e tentar de uma maneira ou de outra explicar, ele começa a usar uma tropa de choque desqualificada que existe dentro do Senado para ir fazendo ameaças e represálias. Esse é o pior caminho que pode ser assumido", condenou. Ele disse não haver dentro do PSDB nenhum temor.
Carlos Fehlberg