Na semana passada, o Valor Econômico publicou matéria preocupante sobre o segmento sucroalcooleiro e desnudou um cenário de extremo desconforto para o Nordeste. Mostra que o endividamento das usinas nessa região já supera em 50% as suas receitas e que há uma perspectiva de queda de 17% na produção da safra 2009/2010. Mas por aqui, segundo o superintendente do Grupo Samam, Manelito Menezes, a situação ainda não é tão tempestuosa. “Sergipe é diferente por manter unidades e modelos de administração enxutos”, abranda o empresário que, juntamente com o pai Henrique Brandão Menezes, comanda a Agroindústria Taquari.
De acordo com pesquisa do Valor, as 73 usinas nordestinas somam juntas um montante de dívidas no valor de R$ 7,5 bilhões ante uma receita de R$ 5 bilhões. Mas esse é um dado que precisa ser analisado com calma, com a cabeça fria. A olho nu, vê-se uma realidade apocalíptica em que as empresas se amparam em galhos fracos para se manter ativas, operantes. Por outro, é preciso considerar que ao longo dos últimos anos essas mesmas agroindústrias fizeram maciços investimentos em tradings para financiar a prospecção de seus negócios e, portanto, ainda estão em vias de pagamento.
Apesar disso, procede a informação de que as usinas do Nordeste andam capengando. É por isso que os empresários desse setor andam assustados, cautelosos, buscando apoio no Governo Federal para se manter vivos no mercado. Segundo o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Alagoas – Sindaçúcar –, Pedro de Melo Nogueira, as usinas daquele Estado tiveram de financiar a exportação com recursos próprios no ano passado e agora enfrentam problemas de fluxo de caixa. “Cada usineiro administra a falta de recursos de uma forma. Algumas estão realmente deixando de pagar seus fornecedores”, disse ele ao Valor.
Manelito possui uma visão generosa com relação a Sergipe e aponta diferenças entre o mercado daqui e o de Estados como Alagoas e Pernambuco. “A situação de Sergipe é diferente. As unidades daqueles Estados são antigas. Aqui, elas são mais modernas e enxutas. Assim como lá, os problemas existem, mas não nessa proporção”, diz o superintendente do Grupo Samam. Quando fala sobre problemas, Manelito também inclui o endividamento. “Existe endividamento, mas dentro de uma normalidade”, diz.
Um aspecto que merece atenção nesse segmento sergipano é o fato de as indústrias também produzirem açúcar – é um processo de grande crescimento por aqui. Esse braço da agroindústria dá um forte impulso às receitas e implica melhores ofertas de álcool no mercado. Apesar disso, Manelito afirma que a produção da safra 2009/2010 em Sergipe seguirá a tendência de queda. Ele prevê algo em torno de 10%, o que considera razoável para o mercado. Na Taquari, os planos são de moer 400 mil toneladas de cana.
Além da Taquari, que fica no município de Capela, e da Campo Lindo, em Nossa Senhora das Dores, fazem parte do grupo de produtores de etanol em Sergipe a Sanagro, em Carmópolis; a Pinheiro, em Laranjeiras; a Junco Novo e a Termelétrica Iolando Leite, a antiga Carvão, ambas em Capela. A previsão no início do ano é que juntas produzissem 120 milhões de litros de etanol, o que significa moagem de 1,5 milhão de toneladas de cana.
Fonte: Cinform
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