As declarações desencontradas do Ministro Temporão sobre a gripe suína levam-me a fazer o seguinte questionamento:
25/7/2009
1) Se a letalidade da gripe suína é tão inferior à da gripe comum, porque escolas públicas estão se programando para retardar o retorno às aulas?
Afinal, o virus da gripe é mutante, a cada ano ele aparece com uma roupagem diferente e os seres humanos já aprenderam a conviver com ele assim. Então se a letalidade é menor e nós já estamos acostumados a nos submeter às mutações deste virus...porque se preocupam tanto com o retorno dos alunos às escolas?
Isso nunca aconteceu antes, nem mesmo quando do surto da febre amarela , meningite e dengue hemorrágica.
2) Logo no ínicio desta gripe o uso de máscaras foi recomendado pela OMS e as imagens de multidões de mexicanos devidamente mascarados saindo às ruas para o trabalho ou qualquer outra atividade deixou forte impressão em todos nós. Quando finalmente a gripe chegou ao Brasil continuou a mesma recomendação do uso das máscaras , até o momento em que declarações dadas tanto por parte do ministro Temporão como pelo médico sanitarista Dr.Davi Uip do Hospital Emilio Ribas desincentivavam o uso de máscaras não só por não evitarem a inalação do virus como ainda por poderem mantê-lo ativo e se reproduzindo dentro da máscara e bem perto das nossas vias respiratórias.
Eu me pergunto então porque, desde os motoristas das ambulâncias e paramédicos que transportam os pacientes contaminados como os funcionários dos postos e hospitais designados a recebê-los, todos eles seguem a orientação de se manterem devidamente enluvados e mascarados?
Quero crer que o conselho dado para que descartemos o uso de máscaras não seja a maneira pela qual o governo está a impedir que se criem imagens impactantes como as do México, de multidões tentando se manter protegidas com um pedaço de pano sobre nariz e boca. Quero crer mesmo.
3) A medicação Tamiflu é distribuida - por órgãos ligados ao Ministério da Saúde - somente aos hospitais credenciados a receber pacientes com a gripe , mas sabe-se que não existe remédio em quantidade para atender a todos os doentes. Se o Tamiflu só é eficaz quando utilizado nas primeiras 48 horas da infeccção pelo virus, e se os exames comprobatórios levam uma semana para darem os resultados...concluo que ou ninguem está tomando o remédio, ou quando e se o toma já não é mais eficaz ou até já é tarde demais para aquele doente. O paciente cura-se sozinho...ou morre sem a administração em tempo hábil do único remédio capaz de salvá-lo.
Quem me garante então que o governo não tenha reservado lotes de Tamiflu para resguardar a vida das autoridades deste país, e das seus parentes, amigos e afins...? E nesse caso, nós, mortais comuns, ficaremos como? À ver navios?
Minha pergunta não é absurda e nem desrespeitosa pois é mais que costumeiro que no Brasil se garantam primeiro os direitos dos influentes...Quando do plano Collor , nós tivemos nosso dinheiro todo retido pelo governo, mas - muito depois - descobriu-se que na véspera da implantação da medida muitos dos politicos e seus parentes e amigos influentes haviam simplesmente sacado tudo de suas contas.
Gostaria muito que o Ministro Temporão nos aclarasse estas questões...se possível.