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ORSSE estreia obra com trombonista da Sinfônica Brasileira

6/11/2009

A Orquestra Sinfônica de Sergipe (ORSSE), sob a direção do maestro Guilherme Mannis, executou um concerto, na noite de ontem, no Teatro Tobias Barreto (TTB), especialmente dedicado à interpretação de obras valiosas e raramente tocadas no mundo musical contemporâneo.

Inserida na Temporada 2009 de Concertos, a apresentação trouxe o trombonista-baixo da Orquestra Sinfônica Brasileira, Antônio Henrique Seixas, um dos maiores expoentes em seu instrumento na atualidade, para a execução de uma peça americana muito alusiva aos filmes de Hollywood e aos musicais da Broadway: o 'Concerto para trombone baixo' de Eric Ewazen, e foi executada pela primeira vez na América do Sul. Além disso, foi a primeira vez que o grupo tocou a Sinfonia n°2, pó. 16, do dinamarquês, Carl Nielsen.

“Num mesmo ano, trouxemos um solista de trompete, um de trompa, e agora um de trombone, ou seja, nós completamos todo o naipe de metais. Com isso, a ORSSE objetiva melhorar a qualidade do grupo, pois os solistas convidados também dão aulas aos músicos da ORSSE. Trazer solistas que são referência no cenário nacional, como é o caso do Antônio Seixas, é uma forma de presentear o público sergipano amante da música clássica”, afirmou.
 
Solista

Natural do Rio de Janeiro, Antônio Henrique Seixas, estudou trombone, particularmente, com os professores Sérgio de Jesus e Gilberto Gagliardi, de quem recebeu grande influência em sua formação musical. Graduou-se em trombone pela Escola de Música da UFRJ, onde atualmente é professor de trombone e tuba.

Recentemente foi aprovado para o curso de mestrado na Manhattan School of Music e para a Mannes College of Music, ambas em Nova York. Venceu por duas vezes o concurso para solista da Orquestra Sinfônica da Escola de Música, tendo sido o primeiro trombone baixo a atuar como solista nesta orquestra. Ganhou, em 1998, o 3º Prêmio Weril para Jovens Solistas de Instrumentos de Sopro. Participou da Orquestra Sinfônica Jovem Ibero-Americana, em Caracas (Venezuela) e da Orquestra Sinfônica Jovem do Mercosul em 1998 e 2002, atuando em turnê pela América do Sul. Atualmente ocupa o cargo de trombone baixo da Orquestra Sinfônica Brasileira.

Seixas é considerado um dos mais renomados trombonistas do país, e foi convidado por Guilherme Mannis para executar uma obra de sua escolha. “É um prazer muito grande estar em Aracaju mais uma vez, cidade onde venho anualmente para apresentar-me com o grupo do qual faço parte, que é a orquestra sinfônica brasileira. Eu escolhi esse concerto porque fui o primeiro a tocá-lo no Brasil, em sua versão para banda sinfônica, e hoje, junto com a ORSSE, fui também o primeiro a tocá-la na América do Sul, em sua versão original, portanto, é uma alegria muito grande estrear essa obra com o grupo”, declarou.

Para o trombonista baixo da ORSSE, Alex Sandro, é também uma alegria muito grande receber a visita de Antônio Henrique Seixas, poder compartilhar experiências e assimilar conhecimento sobre o instrumento, com este grande trombonista.
“É uma honra estar dividindo o mesmo palco com o Antônio, que é alguém que tive a oportunidade de conhecer no concerto da ORSSE no Rio de Janeiro. Esta é uma obra desejada por todo trombonista baixo, e me sinto lisonjeado de poder estar aproveitando esta oportunidade para pedir mais dicas sobre o meu trabalho, que é o de tocar trombone baixo”, declarou.

Programa

O programa de ontem contou com a estreia não só da obra de Eric Ewazen, como também, da obra de Brasolim, um dos grandes compositores brasileiros, e cujo poema sinfônico ‘A abolição da escravatura’, abriu a noite de concerto da ORSSE.  A ‘Abolição da Escravatura’ descreve, musicalmente, diversos aspectos de toda a história da escravidão no Brasil: os ‘Navios Negreiros’, a ‘Senzala’, os ‘Senhores de Engenho’, ‘Choro Negro’, ‘Princesa Isabel’, e finalmente, a ‘Lei áurea’. Sua utilização expressiva dos mais variados naipes da orquestra confere à obra um interesse particular, principalmente nos trechos mais expressivos em que solistas da orquestra interpretam aspectos separadamente.

Em seguida foi executada a obra de Eric Ewazen, uma obra tipicamente americana, que dá ênfase à potência sonora e a grande capacidade expressiva do trombone-baixo. Aliada à escrita de Ewazen, que muito lembra os filmes épicos e, em alguns momentos, comédias de Hollywood, o concerto impressiona por sua leveza e simpatia ao público.“Eu nunca tinha ouvido o trompete baixo e hoje tive a oportunidade de conhecer esse trabalho. Apesar de não conhecer as peças deste concerto, elas me surpreenderam muito estou achando o concerto muito bom e animado”, ressaltou o cantor carioca, que vive a 20 anos em Sergipe, Sirilo Costa.

A outra estreia da ORSSE foi deixada para a parte final da apresentação. “Os quatro temperamentos”: a Sinfonia nº2 de Carl Nielsen, é baseada numa pintura rústica que o compositor havia visto em um dos bares de Copenhague. No primeiro movimento, está representado o homem colérico e impetuoso. O segundo, fala do homem calmo e fleumático. O terceiro, do homem melancólico e introspectivo. Finalmente, o quarto movimento menciona o homem sanguíneo, sob uma leitura musical majestosa e impetuosa.

Os paralelos com os temperamentos humanos, já nos primeiros acordes levam o ouvinte a uma viagem pelos diferentes momentos presentes em sua mente. A utilização da forma sinfonia, por sua vez, sugere uma unidade de que todos esses momentos mentais fazem parte de apenas um intelecto, que tem a capacidade de escolher e lidar com todos os aspectos, dependendo de sua necessidade.

O público que esteve no TTB esperou até o final do concerto e saiu satisfeito. “Percebo que a cada concerto, a orquestra vem se mostrando cada vez mais profissional, e para mim, é uma felicidade ver que a sinfônica de Sergipe está cada vez melhor. O concerto de hoje foi ótimo”, finalizou o historiador Lucas Passos, que sempre acompanha os concertos da ORSSE.

A apresentação é uma realização do Governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), com o patrocínio do Banco do Estado de Sergipe (Banese) e Instituto Banese.

Fonte: ASN

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