O Hospital Universitário, da Universidade Federal de Sergipe (UFS) possui hoje, um déficit de mais de 60 funcionários, apenas nas áreas de enfermagem e serviços administrativos. Em todo o país, a carência de servidores nos HUs chega a 5 mil, conforme levantamento do Ministério da Educação. Em Sergipe, o grande problema é que houve um crescimento na estrutura, com a abertura de novas clínicas e serviços, sem que tivesse sido acompanhado na mesma velocidade pela contratação de pessoal. Segundo a Diretoria Administrativa do Hospital Universitário, há um déficit de 36 servidores na área de enfermagem e 31 para serviços administrativos. “Mas essa contratação só pode ser feita com a abertura de concurso pelo MEC”, disse a diretora Sandra Dórea.
Atualmente, 69 servidores terceirizados trabalham no HU dando suporte na parte administrativa, mas essas contratações estão sendo questionadas e devem acabar até 2010. Ela disse que em maio foi o reitor da UFS, Josué Modesto, enviou um ofício ao Ministério da Educação relatando essa deficiência de pessoal, pedindo providências para contratação, mas até agora não obteve nenhuma resposta de quando será realizado concurso público.
Com relação a médicos, a diretora disse que existe um déficit, mas como há profissionais cedidos por outras instituições – a exemplo do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado da Saúde – dá para cobrir as lacunas, muito embora reconheça que existam problemas em alguns plantões. Problema que pode ser amenizado com a proposta do Ministério da Saúde de pagamento do adicional por plantão hospitalar. “Os médicos podem se inscrever, tão logo o Ministério liberar, e receberão uma gratificação a mais para dar plantão, além da carga horária contratual deles”, explicou.
Nos últimos cinco anos, o Hospital Universitário ampliou o leque de serviços ofertados à população, mas não houve novas contratações na mesma proporção. Hoje, o quadro funcional do hospital é composto por 437 servidores efetivos, entre auxiliares, funcionários de nível técnico, médio e superior. A diretora administrativa informou que, de 2004 até este ano, o número de leitos passou de 58 para 121, com perspectiva de 130, e foram abertos novos serviços através de convênios com as secretarias de Saúde do Estado e de Aracaju.
Mais serviços
No HU também funciona o serviço de infectologia, que saiu do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), pneumologia, nesse período também foi aberto o serviço de clínica psiquiátrica, pediátrica, foi realizada reforma na unidade de imagem e métodos gráficos, que ampliou o nos serviços, além da criação do serviço de atendimento a pacientes com hanseníase, que demorou a ser implementado por falta de pessoal. De janeiro a maio deste ano, foram realizadas no HU 719 cirurgias, 1.220 atendimentos ambulatoriais, 34.216 consultas, além de 6.537 atendimentos odontológicos e 117.039 atendimentos laboratoriais, entre análises clínicas, dosagem hormonal e exames radiológicos.
Sandra Dórea disse que nesse período também foram construídos mais de 20 laboratórios anexo ao ambulatório para pesquisas biomédicas. Outro projeto do Hospital Universitário que já foi licitado e esta na fase de fundação é o da construção da unidade materno infantil, que terá ao todo 111 leitos de enfermaria e obstétricos. Segundo a diretora administrativa, a construção dessa maternidade vai cobrir uma lacuna que existe em Sergipe, mas, no entanto, a questão no momento é a falta de pessoal para trabalhar. “Está sendo bem mais fácil se conseguir recurso para a obra e equipamentos, mas para pessoal, que é quem vai viabilizar o funcionamento da unidade, não há previsão de concurso”, disse.
Gestão própria
A partir de setembro, o HU terá outro grande desafio a enfrentar. É que, por determinação do Tribunal de Contas da União, a UFS e o Hospital Universitário não podem renovar o convênio que tinham com a Fundação de Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão de Sergipe (Fapese) para gerenciar os recursos do hospital. Atualmente, todos os recursos do HU oriundos dos SUS são repassados para a Fapese que gerencia a aquisição de medicamentos, equipamentos médico-hospitalares e executava contratos e convênios desde a coleta de resíduos de lixo até a compra de equipamentos para manutenção da vida em UTI.
Mas todos os convênios e contratos – pouco mais de 30 – devem ser rescindidos em 31 de agosto, passando a ser administrados pelo próprio Hospital Universitário com seus servidores efetivos. “Infelizmente a UFS não vai poder gerenciar, porque o hospital, desde 2008, foi considerado unidade gestora e isso implica em nós termos que gerenciar nossos recursos e realizar toda parte administrativa, desde conservação do patrimônio até as licitações”, disse Sandra Dórea, ressaltando que a maior dificuldade para assumir isso é a estrutura adequada que não existe e o parco quadro de pessoal para isso: oito auxiliares administrativos, oito assistentes administrativos e dois contadores.
Texto: Edjane Oliveira
Fonte: Jornal da Cidade
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