O 1º coletivo da América Latina a usar hidrogênio como combustível foi lançado nesta quarta em São Bernardo; veículo não emite poluente
Lançado nesta quarta-feira em São Bernardo do Campo (SP), o primeiro ônibus movido a hidrogênio da América Latina e do Hemisfério Sul deve começar a atender passageiros em agosto. Ele trafegará pelo corredor São Mateus-Jabaquara (bairros de São Paulo) e terá o mesmo preço de um coletivo comum. Até entrar em funcionamento para a população, ele rodará sem passageiros em caráter de teste. O coletivo não emite nenhum tipo de poluição: no lugar de CO2 e outros poluentes dos carros comuns, produz água. Além disso, proporciona o conforto de ar-condicionado, vidros escuros e bancos estofados aos usuários e funcionários.
Primeira motorista a dirigir o coletivo, Andréia Fazolin conta que às vezes é difícil diferenciar quando o ônibus a hidrogênio está ligado de quando está desligado, de tão silencioso que é. Outra diferença, para os motoristas, será o computador de bordo, que terá uma tela ao lado do volante, por onde eles controlarão o uso das duas células de hidrogênio (que “tiram” a energia do hidrogênio) e da bateria do carro, além precisarem acioná-lo para ligar o coletivo.
Junto com a China, o Brasil é o único país emergente a fazer o projeto do coletivo a hidrogênio sair do papel, de um conjunto de cinco nações em desenvolvimento para as quais o GEF (Fundo Global para o Meio Ambiente) se dispôs a financiar a tecnologia. Os outros países (Índia, Egito e México) não levaram o projeto adiante. Alemanha, Japão, EUA e Holanda também são capazes de produzir ônibus semelhantes.
Os trabalhos da China e do Brasil, porém, têm uma diferença importante. Enquanto os chineses importaram da Europa o projeto do ônibus a hidrogênio pronto, o Brasil desenvolveu o seu veículo dentro do país, juntando tecnologia nacional e internacional. Apesar da importação de componentes importantes (como a célula onde acontece a reação química que tira energia do hidrogênio), o chassi do coletivo, por exemplo, foi desenvolvido aqui, assim como a montagem do ônibus. O fato de ter incluído a tecnologia nacional no processo transforma o Brasil no único país emergente a ter um modelo de ônibus movido a hidrogênio. Além disso, o veículo brasileiro é o mais barato do mundo, segundo Agenor Boff, diretor da Tuttitransporti, uma das empresas responsáveis pela construção do ecoônibus.
"É um trabalho duro. Estou muito feliz e muito satisfeito [com o resultado]", disse Zhihong Zhang gerente sênior de programa do GEF, durante o evento de lançamento do coletivo, na sede da EMTU em São Bernardo. O que possibilitou a realização do trabalho foi, para ele, "o comprometimento do Brasil". "O projeto e o incentivo do GEF vai trazer benefícios à saúde e a possibilidade de benefícios comerciais, com a comercialização do coletivo”, ressaltoui Zhang.
Para que esta comercialização seja viável, é preciso baratear o custo de fabricação do ônibus, ainda muito caro. Após os testes com o coletivo lançado hoje, devem ser construídos mais três carros, o que deve baratear um pouco o processo. "Esta tecnologia nascente tem que ser ajudada como uma criança", disse o governador de São Paulo, José Serra, também presente no evento de lançamento. O diretor da Tuttotransporti, se entusiasmou com a abundância do composto: “Este projeto só tem começo, não tem fim. O pré-sal, por exemplo, tem fim.”
O ônibus lançado hoje é fruto de um trabalho de cinco anos que tem o apoio do PNUD, e envolve ainda Ministério do Meio Ambiente, EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), e GEF. A oficial de programa da unidade de meio ambiente do PNUD, Rose Diegues, ressaltou os benefícios do projeto. “É importante lidar com a sustentabilidade do transporte, a redução das emissões e a promoção de tecnologias limpas e renováveis para o Brasil, além de ter uma alternativa viável para o transporte urbano.”
Fonte: PNDU Brasil
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