Cristovam Buarque faz parte de grupo que pediu mudanças no Senado.
Eduardo Bresciani - Do G1, em Brasília
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) pediu nesta segunda-feira (22), em plenário, que o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), se licencie do cargo como resposta à crise que o Senado vive. O pedido foi feito durante a sessão desta tarde logo após Sarney deixar a cadeira de presidente.
Para o senador, as medidas anunciadas por Sarney estão em ritmo aquém do esperado e seu afastamento seria necessário. “Peço que o presidente Sarney tire uma licença de 60 dias, que passe a presidência para o vice-presidente (Marconi Perillo (PSDB-GO), que eu espero que tenha velocidade maior. (...) Não dá para esperar mais 60 dias. Não dá para achar o caminho na velocidade do presidente Sarney”. Para Cristovam, a licença acabaria com o fato de Sarney sempre ter que dar explicações quando está ocupando a cadeira de presidente.
O senador do PDT disse ter sido alertado pelo próprio Sarney que a crise da Casa, que teria começado ainda sob a presidência de Renan Calheiros (PMDB-AL), é estrutural. Cristovam disse que foi o próprio Sarney que o alertou em 2007 sobre a velocidade da internet e da necessidade de respostas rápidas. "Ele agora não está conseguindo responder ao que ele próprio observou".
Cristovam faz parte do grupo de senadores que entregou na semana passada uma carta com propostas para a Casa superar a crise. A principal medida pedida na ocasião foi a saída do diretor-geral, Alexandre Gazineo. Sarney convocou uma reunião para esta terça-feira (23) para discutir este tema.
O pedido de licença feito por Cristovam aconteceu após discurso do senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), que se concentrou nos ex-diretores do Senado Agaciel Maia e João Carlos Zoghbi.
Virgílio pediu que Sarney rompa seus laços com Agaciel e disse que não hesitaria em ir ao Conselho de Ética contra o presidente do Senado. Recentemente, Sarney foi padrinho de casamento da filha do ex-diretor-geral do Senado. O peemedebista respondeu dizendo que não foi eleito para "limpar as lixeiras da Casa" e garantiu que não irá "acobertar" ninguém.
Cristovam defendeu ainda que a Casa faça sessões abertas à sociedade civil para debater sua própria crise. Além dos senadores teriam direito a palavra nestas sessões representantes de entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Associação Brasileira de Imprensa (ABI).