Impasse na negociação salarial entre policiais militares e governo, disseminação do crack em Sergipe e violência foram os principais temas abordados em uma reunião, ontem pela manhã, entre membros da seccional de Sergipe, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da Secretaria de Segurança Pública (SSP). O presidente da OAB, Henri Clay Andrade, colocou a instituição à disposição da SSP para ajudar no restabelecimento de um diálogo com os militares, que na visão do secretário João Eloy e do comandante da PM, coronel Carlos Pedroso, ainda não chegou ao fim.
“A OAB tem estatura moral e credibilidade para se apresentar como instituição interlocutora. Mandamos um ofício para o governador pedindo uma audiência e se colocando à disposição para restabelecer um diálogo. Poderíamos fazer um discurso fácil e apoiar o movimento dos militares, mas queremos entrar de forma mais complexa, para contribuir. Mas para isso, é preciso que o governador endosse a ideia. Os policiais já disseram que querem”, disse Henri Clay durante a reunião. Ele sugeriu ainda que seja rediscutida a lei que rege a PM. “É uma lei do ápice da ditadura. Tem pontos inconstitucionais e outros ultrapassados”, comentou o presidente da OAB.
Ainda sobre a negociação salarial, o comandante da PM disse que há uma disposição de todos os lados para que o problema seja resolvido o mais breve possível. “Não há radicalização por parte dos policiais. Apenas alguns são mais exaltados. O comportamento do movimento tem sido ordeiro e o comando está atento. O que não podemos é perder o apoio da sociedade e, para isso, temos que mostrar cada vez mais trabalho”, enfatizou o coronel Pedroso.
Para o secretário de Segurança Pública João Eloy, a reunião foi positiva e a SSP não deixará passar a oportunidade de ter a OAB como uma parceira. Em relação ao combate às drogas, Eloy informou aos membros da OAB que a polícia tem feito inúmeras prisões de traficantes e que o governador Marcelo Déda já assinou um decreto autorizando a criação do Departamento sobre Investigação de Narcóticos, que na verdade já está em funcionamento e será inaugurado na segunda-feira.
A OAB propôs a criação de um programa amparo à jovens e familiares atingidos pelo pesadelo da droga, principalmente do crack. “Oferecemos também a contribuição da OAB para que se estabeleça um projeto de política pública de combate à violência. A ideia é realizar um seminário organizado pelo governo do Estado e a OAB para agregar a sociedade civil neste tema”, acrescentou Henri Clay. Foi discutido ainda o abuso de autoridade por parte de alguns policiais e também o tratamento dispensado pela polícia aos advogados e vice-versa.
Fonte: jornal da Cidade