Um grupo de mais de cem produtores de arroz dos perímetros irrigados Betume e Propriá, na região do Baixo São Francisco, fez uma manifestação ontem pela manhã, na avenida Beira Mar, em Aracaju, na sede da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Eles reclamam que o abandono do órgão provocou o alagamento das plantações e perda da produção. Os produtores foram recebidos pelo superintendente da Codevasf em Sergipe, Antônio Viana, e técnicos do órgão. A reunião durou quase três horas.
“Toda nossa produção foi inundada de quinta para sexta-feira. Deveríamos ter quatro bombas para irrigar e drenar os lotes, mas só temos uma. Sabemos que existe um dinheiro na conta da Codevasf para a reforma dos canais, estradas e bombas que estão sucateadas. Mas ao invés de revitalizar o projeto, a Codevasf preferiu comprar carros e motos novas”, criticou Cledson Dória de Oliveira, representantes dos produtores do Perímetro Irrigado de Propriá, onde existem cerca de 300 produtores.
Segundo o produtor Osmário dos Santos, de Ilha das Flores, que tem um lote no Perímetro Irrigado Betume, o prejuízo foi grande. “Cada produtor deveria colher cerca de 20 mil quilos de arroz nesses últimos cinco meses. Mas perdemos tudo por irresponsabilidade dos administradores e pelo descaso das autoridades, que deixaram as águas invadirem o perímetro”, lamentou Osmário, acrescentando que o prejuízo de cada produtor foi calculado em R$ 12 mil. No Perímetro Betume trabalham 753 produtores.
Providências
O chefe da Unidade de Apoio aos Empreendimentos de Irrigação da Codevasf, o engenheiro agrônomo Ricardo Martins, disse que todas as providências para solução dos problemas enfrentados pelos produtores estão sendo tomadas. “A licitação para a compra das bombas está em andamento e com relação à drenagem já estamos com duas retroescavadeiras no perímetro de Propriá”, informou Ricardo.
Ele disse ainda que uma equipe de técnicos da Codevasf está analisando lote a lote as perdas que ocorreram pelo excesso de água para então elaborar os laudos pedindo ao banco a prorrogação dos débitos dos produtores. Ricardo acredita que em oito dias esse trabalho deverá ser concluído. “Para a gente continuou tudo praticamente na mesma. O superintendente se comprometeu em agilizar as soluções, mas só vamos confiar quando as ações forem realmente tomadas”, disse o produtor Cledson Dória.
Texto: Janaina Cruz
Fonte: Jornal da Cidade