Dados de municípios com mais de 500 mil habitantes são de confederação.
Congresso promulgou PEC que cria 7 mil vagas de vereador.
Promulgada pelo Congresso Nacional na quarta (23), a PEC dos Vereadores pode aumentar em cerca de 7 mil o total de vereadores em todo país. Veja no quadro abaixo qual pode ser o impacto nas cidades com mais de 500 mil habitantes, segundo levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM).
Cidade
Habitantes em 2009
Número atual
de vereadores
Limite de vereadores
autorizados com a PEC
São Paulo (SP)
11.037.593
55
55
Rio de Janeiro (RJ)
6.186.710
51
51
Salvador (BA)
2.998.056
41
43
Fortaleza (CE)
2.505.552
41
43
Belo Horizonte (MG)
2.452.617
41
43
Curitiba (PR)
1.851.215
38
41
Manaus (AM)
1.738.641
38
39
Recife (PE)
1.561.659
37
39
Porto Alegre (RS)
1.436.123
36
37
Belém (PA)
1.437.600
35
37
Guarulhos (SP)
1.299.283
34
35
Goiânia (GO)
1.281.975
35
35
Campinas (SP)
1.064.669
33
33
São Luís (MA)
997.098
21
31
São Gonçalo (RJ)
991.382
21
31
Maceió (AL)
936.314
21
31
Duque de Caxias (RJ)
872.762
21
29
Nova Iguaçu (RJ)
865.089
21
29
São Bernardo do Campo (SP)
810.979
21
29
Natal (RN)
806.203
21
29
Teresina (PI)
802.537
21
29
Campo Grande (MS)
755.107
21
29
Osasco (SP)
718.646
21
27
João Pessoa (PB)
702.235
21
27
Jaboatão dos Guararapes (PE)
687.688
21
27
Santo André (SP)
673.396
21
27
Uberlândia (MG)
634.345
21
27
Contagem (MG)
625.393
21
27
São José dos Campos (SP)
615.871
21
27
Feira de Santana (BA)
591.707
21
25
Sorocaba (SP)
584.313
20
25
Ribeirão Preto (SP)
563.107
20
25
Cuiabá (MT)
550.562
19
25
Aracaju (SE)
544.039
19
25
Juiz de Fora (MG)
526.706
19
25
Aparecida de Goiânia (GO)
510.770
18
25
Londrina (PR)
510.707
19
25
Ananindeua (PA)
505.512
19
25
Belford Roxo (RJ)
501.544
19
25
Fonte: Confederação Nacional dos Municípios com base em dados da população estimada em 2009 pelo IBGE
Polêmica
O principal ponto de divergência na emenda constitucional é a partir de quando ela entrará em vigor. O texto da lei diz que deve ser retroativa às eleições de 2008 e, portanto, os vereadores poderiam tomar posse caso as Câmaras municipais determinem.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) avalia, porém, que o aumento do número de vereadores deveria valer somente nas próximas eleições, em 2012.
Tudo indica que a decisão final deve ficar a cargo do Supremo Tribunal Federal (STF), que tem a prerrogativa de analisar a constitucionalidade das leis.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) já anunciou que vai entrar com uma ação de inconstitucionalidade no Supremo, mas não informou quando isso acontecerá.
Para o professor de direito constitucional e ex-juiz eleitoral Antonio Carlos Mendes geralmente as leis não são retroativas, valem a partir da publicação, mas o fato de o texto informar que é retroativo não o torna ilegal.
"O problema da emenda não é jurídico porque o texto manda retroagir. O problema é de ordem prática. (...) Não deve ser uma controvérsia entre a Justiça Eleitoral e o vereador. Mas sim entre os suplentes e as câmaras."
De acordo com Mendes, as câmaras que têm orçamento para chamar os suplentes que julgar necessário poderão fazê-lo a partir de agora, mas elas não serão obrigadas. "O texto estabelece um limite máximo de vereadores. Quem optar por continuar como está, pode. Mas isso pode gerar discussão porque os suplentes podem questionar que têm direito a vaga."
Antonio Carlos Mendes explica que se a OAB entrar com ação no STF, o tribunal pode ou dar uma liminar suspendendo a aplicação de imediato ou as câmaras poderão tomar a decisão que acharem correta até o julgamento do caso.
Na avaliação do presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Mozart Valadares Pires, o aumento de vereadores "não deveria valer nem retroativa nem para próxima eleição". "O que isso vai acrescentar na democracia? O Brasil não precisa de mais 7 mil vereadores. Precisa sim de mais 7 mil médicos, 7 mil dentistas."
Valadares Pires diz esperar que alguém questione rapidamente essa lei no Supremo para evitar que cada câmara comece a tomar isoladamente uma decisão.
Municípios
O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, avalia que a decisão deveria valer somente para o próximo pleito. "Se as Câmaras derem posse agora logicamente que entendo que vai acabar no Supremo porque essa é a interpretação da maioria dos ministros que compõem o próprio Supremo."
Ziulkoski não discorda com o aumento do número de vereadores. "Para nós, para a entidade, o que interessa é o gasto do poder, não o número de vereadores."
Segundo ele, o aumento do número de vereadores vai aumentar os gastos públicos mesmo com a redução do teto de gastos por câmara, aprovada como contrapartida para o maior número de parlamentares por município.